DE WASHINGTON
DE SÃO PAULO

A votação dos desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Federal da 4ª Região) que confirmou por unanimidade a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex em Guarujá (SP) teve grande repercussão na imprensa internacional nesta quarta-feira (24). Jornais do mundo inteiro destacaram o impacto da decisão judicial sobre as eleições brasileiras deste ano.

O revisor Leandro Paulsen, o relator João Pedro Gebran e o juiz federal Victor Laus votaram por aumentar a pena do petista para 12 anos e um mês de prisão. Em julho de 2017, o juiz Sergio Moro havia dosado a sentença em 9 anos e meio.

Com a decisão do tribunal pela manutenção da condenação do ex-presidente, o britânico "The Guardian" afirmou que o resultado "complica os planos de Lula para concorrer a um terceiro mandato". Segundo o jornal, o julgamento marca uma "extraordinária mudança de destino para o líder mais popular da história moderna do Brasil". Mas destacou o apoio de "dezenas de milhares de militantes" nas ruas de Porto Alegre nesta terça (23), e disse que haverá protestos contra a sentença.

A história virou manchete do espanhol "El País", que destacou que Lula foi "um bastião da esquerda latino-americana" e que ainda pode recorrer para ganhar tempo e impedir a execução da sentença e sua prisão. Segundo o jornal, a condenação "compromete as aspirações do político de esquerda para um novo mandato nas eleições de outubro".

O julgamento de Lula

Para o americano "The New York Times", o processo foi uma "reviravolta" na eleição presidencial, e levantou dúvidas sobre a legitimidade de uma disputa sem o petista, em função de sua liderança nas pesquisas. A reportagem também afirma, porém, que a decisão é uma vitória para o Ministério Público, após anos de embates entre o judiciário e a elite política brasileira no julgamento de casos de corrupção.

O "Washington Post", também dos Estados Unidos, afirmou que a notícia "potencialmente encerra a carreira política" de Lula. Segundo o jornal, a decisão "complica o retorno político de uma das figuras mais conhecidas da América Latina".

O "Wall Street Journal" informou que Lula, um "ícone de esquerda", lidera as pesquisas eleitorais até agora, mas que a decisão complica sua candidatura pelos impedimentos estabelecidos na Lei da Ficha Limpa –que proíbe a eleição de quem tiver sido condenado por uma corte colegiada.

O argentino "Clarín", por sua vez, afirmou que a candidatura de Lula está "à beira da suspensão". O jornal transmitiu o julgamento ao vivo em seu site.

A notícia é manchete do site "La Nación", também da Argentina, que afirmou que a decisão gerou uma "grande desilusão e raiva entre dezenas de milhares de petistas e membros de movimentos sociais simpatizantes a Lula". O jornal lembra que a defesa de Lula ainda tem várias possibilidades de apelação e já adiantou que usará todos os seus recursos.

"Mas o pedido mais importante será o pedido cautelar feito ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que a candidatura do ex-presidente possa ser registrada enquanto se esgotam todos os recursos jurídicos", diz trecho da reportagem.

O francês "Le Monde" se refere a Lula como o "pai dos pobres" e afirma que a sentença será aplicada somente depois de todos os recursos terem sido esgotados.

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