Lula entra no rol do pior da vida política nacional, diz Goldman

Crédito: Bruno Poletti/Folhapress O tucano Goldman, para quem a confirmação da condenação de Lula foi 'substanciosa e consistente
O tucano Goldman, para quem a confirmação da condenação de Lula foi 'substanciosa e consistente'

THAIS BILENKY
DE SÃO PAULO
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

O ex-governador de São Paulo e ex-presidente do PSDB Alberto Goldman afirmou que a confirmação da condenação de Luiz Inacio Lula da Silva (PT) evidenciou sua "personalidade fraca".

"Os votos dos desembargadores foram substanciosos e consistentes, e não deram margem a dúvidas: Lula usou do seu poder para benefício próprio e enriquecimento ilícito", disse Goldman.

Lula "mostrou ser um homem de personalidade fraca que, usando as práticas que um dia combateu, se permitiu entrar no rol daquilo que de pior já produziu a vida política nacional", concluiu o tucano.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que "o Brasil do bem celebra esse momento histórico".

"A Justiça está se cumprindo. A prisão aguarda em breve Luiz Inacio Lula da Silva. Essa corajosa decisão da Justiça é um golpe duríssimo no PT e ajuda a fortalecer a esperança de um país mais justo e sem corrupção", afirmou Doria.

Para o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), pré-candidato a presidente da República, "o delito foi comprovado. E o problema, acima do triplex, é a organização criminosa. Fez-se justiça, como prevê o Estado democrático de Direito".

"Na Itália, faz tempo, o ex-primeiro ministro Betino Craci foi preso e exilado. No Brasil, foi a vez do ex-presidente Lula. Que nasça uma nova nação. Que ninguém paire acima da lei: presidente, governadores, legisladores, magistrados, cidadãos comuns", afirmou Virgílio.

Procurados, os senadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) não quiseram se manifestar.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), provável candidato a presidente da República pelo PSDB, disse, em nota, que "o julgamento reafirmou que ninguém está acima da lei ou das instituições".

Para ele, "o Brasil demonstra maturidade e segue em absoluto clima de normalidade democrática. O país deve buscar o rumo da ética, da retomada do crescimento e da geração de empregos".

MAIA

No comando interino do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta que quem tem responsabilidade pública não pode celebrar a manutenção da condenação do ex-presidente.

Em nota pública, ele lembrou que construiu a sua carreira pública "combatendo as teses defendidas" pelo petista, mas ressaltou que o melhor ambiente de disputa política é a campanha eleitoral, na qual "o veredito é dado pelas urnas".

"Construí minha carreira combatendo, no campo da política, as teses defendidas pelo ex-presidente e pelo PT. Ainda assim, quem tem responsabilidade pública, em qualquer nação, não pode estar celebrando o dia de hoje", disse.

Pré-candidato à sucessão presidencial, Maia observou, contudo, que a decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região deve ser ouvida e respeitada.

Segundo ele, o resultado "deixa claro que o Brasil é uma democracia madura onde as instituições funcionam plenamente".

"Toda e qualquer manifestação em relação à sentença proferida hoje, em Porto Alegre, deve respeitar a ordem institucional. Tenho certeza que o Brasil seguirá pacificamente rumo à superação", disse.

A defesa feita por Maia de um veredito nas urnas faz parte de estratégia para evitar fortalecer o discurso do PT de que Lula foi vitimizado e perseguido.

Nesse sentido, o presidente Michel Temer determinou à equipe ministerial que não faça comentários sobre o julgamento. "O governo não falará sobre o julgamento", ressaltou o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).

Para evitar essa interpretação, Temer afirmou em entrevista à Folha, na última quinta-feira (18), que preferia que o petista disputasse a eleição presidencial e não fosse impedido de se candidatar.

Nos bastidores, no entanto, o presidente acredita que a dúvida sobre a candidatura do petista, que deve se estender até a véspera da eleição presidencial, deve quebrar a polarização entre direita e esquerda, apontada pelas pesquisas de intenções de voto.

O diagnóstico é de que, sem o petista na disputa, o campo da direita deve perder força e o principal afetado deve ser o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Nesse caso, a aposta é de que sairão fortalecidas candidaturas de centro, como as identificadas com a atual administração, como a de Geraldo Alckmin (PSDB) e a do próprio Maia.

Nesta quarta-feira (24), Lula teve sua condenação confirmada no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).

O revisor Leandro Paulsen, o relator João Pedro Gebran e o juiz federal Victor Laus votaram por aumentar a pena do petista para 12 anos e um mês de prisão. Em julho de 2017, o juiz Sergio Moro havia dosado a sentença em 9 anos e meio.

A defesa de Lula tem dois dias a partir da publicação do acórdão para apresentar embargos de declaração, que pedem, apenas, esclarecimento da sentença. Já que a votação foi unânime, não cabem embargos infringentes. Paulsen disse que o ex-presidente terá mandado de prisão expedido após o julgamento dos recursos.

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