DANIEL CARVALHO
DE BRASÍLIA

Diante da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em segunda instância, nesta quarta-feira (24), partidos de oposição ao PT apostam que o partido lançará um plano B para a disputa presidencial.

O PT, no entanto, resiste em abrir mão da candidatura de Lula.

Por unanimidade, juízes do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) confirmaram a condenação do ex-presidente e ampliaram a pena dele de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês no julgamento do caso do tríplex do Guarujá. (SP)

Para o deputado Sílvio Torres (SP), tesoureiro do PSDB, todos os partidos agora aguardarão a reação do PT diante da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Logo devem acenar com uma alternativa. A tendência é que esse favoritismo do Lula decline. As pessoas assistindo três juízes confirmarem uma sentença é forte para qualquer um. Lula não está acima de Deus", afirmou Torres à Folha.

Em nota, o líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), disse que a condenação de Lula em segunda instância foi "extremamente técnica e zelosa", e seguiu a linha de que o PT deverá buscar um substituto para a disputa presidencial.

SUBSTITUIÇÃO

"O PT precisa substituir o Lula até porque quem sancionou a Lei da Ficha Limpa não pode desrespeitá-la", afirmou o parlamentar no comunicado.

Para o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) o PT fica "esfacelado" com a condenação do ex-presidente.

"Ele [PT] não teria condições morais de apresentar um candidato depois de seu líder maior ter sido condenado em segunda instância e estar totalmente inelegível. O PT fica desarticulado, perde força", afirmou o senador.

Para o presidente do PTB, Roberto Jefferson, a derrota de Lula na Justiça enfraquece o antagonista do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e fortalece uma candidatura de centro.

Jefferson, que, em 2005, denunciou o esquema do mensalão durante o governo Lula, diz acreditar que o petista poderá se manter na corrida presidencial, mas disputará de maneira "precaríssima".

"Se fizer mandado de segurança e registrar a candidatura em agosto, registra de maneira precaríssima porque ele sabe que, registrando assim, mesmo que passe em primeiro lugar para o segundo turno, os votos dele não serão computados", afirmou à Folha.

Segundo Jefferson, a manutenção de Lula na disputa pode se dar para ampliar as bancadas petistas na Câmara e no Senado.

"Sem o Lula à frente do PT, o partido perde nas bancadas do Senado e da Câmara. Talvez, no desespero, o PT lance o Lula para fazer bancada", afirmou.

DE QUALQUER JEITO

O PT, no entanto, quer levar a candidatura de Lula até onde for possível.

O líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou à Folha que seu partido não trabalha com plano B.

"De jeito nenhum [o PT começa a trabalhar um plano B]. Não tem clima para discutir outra alternativa. A militância não aceita. É Lula de qualquer jeito. Ninguém se atreve a colocar nome, plano B. A tendência é ampliação das mobilizações. Vai ter impasse institucional", afirmou o deputado, para quem as esquerdas se aproximarão ainda mais em torno da candidatura de Lula.

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), também defendeu a manutenção da candidatura de Lula em nota.

Integrantes do partido se reúnem nesta quinta-feira (25) para discutir os próximos passos após a condenação.

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