Doria articula apoio de prefeitos da Baixada Santista, reduto de vice

Crédito: Avener Prado/Folhapress João Doria (PSDB), que tem conversado com prefeitos paulistas sobre disputar o governo de SP
João Doria (PSDB), que tem conversado com prefeitos paulistas sobre disputar o governo de SP

THAIS BILENKY
DE SÃO PAULO

Em reação ao apoio de alas do PSDB à candidatura de Márcio França (PSB) para o governo de São Paulo, aliados de João Doria (PSDB) articulam uma rede de sustentação para o paulistano que inclui prefeitos do reduto eleitoral do vice-governador, a Baixada Santista.

Tucanos que comandam Cubatão, Itanhaém e Peruíbe apoiam candidatura própria ao Palácio dos Bandeirantes, a despeito da campanha de França, que foi prefeito de São Vicente.

À frente de Santos, maior cidade da região, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), contudo, declarou que a aliança estadual deve priorizar a campanha para presidente do governador Geraldo Alckmin (PSDB), inclusive se isso significar apoiar França e abrir mão de candidatura própria.

Ao defender candidatura própria, Ademário Oliveira (PSDB), prefeito de Cubatão, disse que "seria efetivamente um ganho real" para a Baixada ter o vice no governo.

"Por outro lado, o partido lançando candidato, é meu dever moral apoiar e minha preferência é pelo Doria. Ter dois palanques em SP para o Geraldo não teria reflexos no projeto nacional", afirmou.

"Aguardo a definição do nome, mas considero Doria um candidato forte, com apelo interessante", disse o prefeito de Peruíbe, Luiz Maurício (PSDB). "O duplo palanque não vai afetar o projeto presidencial, o importante é que Alckmin terá dois apoios de peso no Estado."

Marco Aurélio (PSDB), prefeito de Itanhaém, afirmou que "João é um grande quadro e deve ser nosso candidato. Não sei se apoiar Márcio é uma opção. O João poderá deixar isso mais claro."

O próprio Doria tem conversado com prefeitos paulistas, ainda que negue disposição para disputar o governo. Optou por mostrar-se focado na gestão da prefeitura para evitar desgaste público. Conta com apoio do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB).

Aliados próximos de Alckmin, Barbosa e Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto, têm emitido sinais em favor de uma aliança com o PSB para aumentar o arco de alianças de Alckmin e garantir mais tempo de televisão a ele na campanha.

Da mesma forma, o prefeito de Mongaguá, na Baixada, Professor Arthur (PSDB), vê com simpatia o apoio ao vice-governador. "Sou fundador do PSDB, ajudei a escrever o estatuto, sigo a orientação do partido. Essa alternativa é bem-vinda, Márcio mostrou honestidade na postura com Geraldo, foi um grande prefeito."

Das nove cidades da Baixada santista, sete são administradas pelo PSDB. O prefeito de Guarujá é do PSB, partido do vice, e o de São Vicente, do MDB, é seu cunhado. Alberto Mourão (PSDB), prefeito da Praia Grande, disse ser contra antecipar o debate sobre nomes antes de discutir programas.

TERCEIRA VIA

Não apenas o entorno de Doria lança dúvidas sobre uma aliança do PSDB com o PSB em plano nacional, como também outro pré-candidato a governador pelo PSDB, Luiz Felipe d'Avila.

"É improvável o PSB apoiar Geraldo nacionalmente, porque vai optar por um nome à esquerda", argumentou. "A meu ver, Márcio França em São Paulo é que destoa da postura nacional do PSB."

D'Avila também reage à movimentação para fazer Doria governador. "João tem o direito de disputar, mas tem o dever de ficar na prefeitura e honrar o voto dos paulistanos. Será muito difícil entrar em uma campanha de 45 dias tendo de justificar a própria atitude", afirmou.

Para articuladores de Doria, porém, sua candidatura ganha força com a boa interlocução com o presidente Michel Temer, cujo MDB cobraria a vice ou uma vaga ao Senado para abrir mão de lançar Paulo Skaf.

Além disso, segundo interlocutores, Gilberto Kassab, presidente do PSD, tem preferência por Doria por ver nele maior potencial de vitória.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.