Descrição de chapéu

Caso na BA atinge presidenciável e favorece palanque de Alckmin no Estado

Operação Cartão Vermelho é lembrete de como investigações pode ter impacto eleitoral

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São Paulo

A chegada da Polícia Federal às portas do império de Jaques Wagner na Bahia é um lembrete bastante eloquente de como a onda de investigações que ganhou força no país desde a erupção da Operação Lava Jato em 2014 ainda tem potencial de causar estragos eleitorais grandes.

O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner, alvo de operação da PF
O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner, alvo de operação da PF - Alan Marques - 15.fev.2015/Folhapress

A Operação Cartão Vermelho, que é prima mas não está sob o guarda-chuva da Lava Jato, atingiu em cheio um dos dois nomes citados como eventual presidenciável do PT quando for confirmada a virtual inelegibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva —condenado em segunda instância por corrupção e que com chances além de remotas de conseguir disputar o pleito.

A batata quente pode sobrar para outro plano B de plantão, o ex-prefeito Fernando Haddad, embora Wagner fosse o nome predileto da burocracia partidária. Em 2016, ainda ministro de Dilma Rousseff, ele cunhou a famosa crítica ao PT, segundo a qual seus correligionários tinham se "lambuzado" nas benesses do poder. Agora, até relógios caros já surgiram para colorir as graves acusações.

Além disso, o impacto na Bahia pode ter reverberação além das fronteiras. Internamente, é prejudicado o governador petista Rui Costa, pupilo de Wagner, que concorre à reeleição com bastante chance segundo sondagens dos partidos.

A vantagem que o dano de imagem dá a seu rival mais provável, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), é potencialmente evidente. Mas tem também a ganhar o presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, que não só vê o rival PT em dificuldades como também pode ver o reforço num campo de batalha estadual importante. 

Desde a campanha vitoriosa de Lula em 2002, o PT sempre teve na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, um forte cesto de votos. Nunca perdeu por lá, e viu sua influência espraiar-se por todo o Nordeste, baseado numa combinação de políticas sociais para a região e aliança com antigos coronéis convertidos à religião lulista.

A debacle do partido sob Dilma reanimou forças contrárias na região. A vitória de ACM Neto na disputa pela prefeitura soteropolitana em 2016 o alavancou como grande ator regional. Foi cotado para vice em chapas majoritárias nacionais, como a do próprio Alckmin, mas há consenso nas hostes tucanas que ele é mais importante como palanque forte num Estado em que o PSDB tradicionalmente apanha.

Um enfraquecimento do grupo de Wagner, portanto, soa como música no tucanato. O que não muda a realidade de que o PSDB enfrenta os seus próprios fantasmas no mundo das investigações policiais, com as recentes revelações envolvendo Paulo Preto, antigo homem forte nos negócios rodoviários do Estado de São Paulo e citado na Suíça como dono de uma conta de US$ 113 milhões.

Desde 2017, muito se discutiu no meio político sobre os limites das apurações e denúncias sobre o ânimo do eleitor, enfastiado e enojado ao mesmo tempo. O caso baiano será um bom exemplo para reavaliar a tese.

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