Imprensa internacional repercute decisão da Folha de sair do Facebook

São Paulo

O maior jornal brasileiro dá as costas ao poder distribuidor de notícias do Facebook, escreveu o diário espanhol “El País” sobre a decisão da Folha de sair da rede social, anunciada nesta quinta-feira (8).

AFP

O “El País” ressaltou ainda que o jornal não nega os riscos da decisão, sendo o principal deles a queda da audiência. “Uma boa audiência vem de várias fontes, não pode ser dependente de apenas uma. As empresas que construíram um modelo de audiência baseado no Facebook terão mais dificuldades de se adaptar à nova realidade. Não é o nosso caso”, afirmou Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, ao veículo espanhol.

A decisão foi tomada após mudança no algoritmo da rede social que reduziu a exposição do conteúdo jornalístico profissional nas páginas dos usuários. A medida repercutiu em veículos de comunicação internacionais, como “The Wall Street Journal” (EUA), “The Guardian (Reino Unido)”, “Fox News” (EUA), “La Nacion” (Argentina), “Frankfurter Allgemeine” (Alemanha), “Nikkei” (Japão), além das agências noticiosas Bloomberg e Reuters.

O jornal alemão “Frankfurter Allgemeine” destacou a preocupação com a disseminação de notícias falsas e também a redução do alcance das notícias publicadas para os quase 6 milhões de seguidores da Folha no Facebook.

De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado para 24% em dezembro.

O jornalista e consultor catalão To‏ni Piqué questionou, no Twitter, se o movimento da Folha seria o início de uma fuga em massa da plataforma de Mark Zuckerberg. E avaliou que a decisão não é pequena, já que o Brasil é o terceiro maior mercado do Facebook e a Folha tem mais de 200 milhões de page views de audiência.

Para o argentino “La Nacion” e para o portal polonês Wirtualnemedia, a Folha tenta reduzir sua presença entre as notícias falsas. Eles enfatizaram a crítica do jornal às mudanças no algoritmo que abriram espaço ao compartilhamento maior de notícias falsas.

Análise feita pela Folha com base em 21 páginas que postam "fake news" e 51 de jornalismo profissional mostrou que a taxa média de interações no primeiro grupo aumentou 61,6% entre outubro do ano passado e janeiro deste ano. Já o segundo grupo registrou queda de 17%.

O jornal também tem perfis atualizados diariamente no Twitter (6,2 milhões de seguidores), Instagram (727 mil) e LinkedIn (726 mil). A página do Facebook não será deletada.

Os leitores poderão continuar compartilhando conteúdo da Folha em suas páginas pessoais do Facebook.

 
 
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