Jungmann diz que vai discutir com novo diretor da PF nomeações de chefes

Ministro afirmou que escolheu Galloro por causa de 'alinhamento' com ele

Rubens Valente
Brasília

O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta quarta-feira (28) que escolheu Rogério Galloro para a direção-geral da Polícia Federal porque tem “alinhamento” com ele e que irá discutir com o novo diretor as nomeações em cargos de chefia na corporação.

Jungmann disse que conheceu de perto o trabalho do substituto de Fernando Segovia, demitido nesta terça-feira (27), durante 60 dias, nas atividades de preparação da Olimpíada do Rio, em 2016.

Segundo o ministro, as trocas em chefias internas da PF serão analisadas em conjunto com o novo diretor.

O ministro Raul Jungmann na cerimônia de posse no novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública
O ministro Raul Jungmann na cerimônia de posse no novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública - Pedro Ladeira - 27.fev.2018/Folhapress

Quando a PF estava subordinada ao Ministério da Justiça, a praxe era a própria corporação escolher seus nomes de superintendentes e diretores. Depois o ministro da Justiça referendava os nomes e os encaminhava à Casa Civil.

“No que diz respeito a mudanças no âmbito da Polícia Federal, eu espero receber, se for o caso, as indicações do senhor Galloro, novo diretor-geral, e analisarei, evidentemente em conjunto com ele, tomaremos as decisões, se for o caso”, disse o ministro.

Indagado se pretende fazer as nomeações na PF, Jungmann disse que o novo diretor “deve discutir a respeito do que é que ele deseja, o que ele pretende fazer”.

“O que eu disse foi: o diretor-geral vai analisar e nos trazer [os indicados para cargos na PF]. Eu acredito que eu devo ter conhecimento e comigo ele deve efetivamente discutir a respeito do que é que ele deseja, o que ele pretende fazer. Aí então serão tomadas as decisões", afirmou Jungmann.

Jungmann afirmou que escolheu Galloro para o cargo porque tem “alinhamento” com ele, após conhecê-lo durante 60 dias nos trabalhos de preparação das Olimpíadas, em 2016.

Ele disse ter convivido com Galloro, o general do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Sérgio Etchegoyen, e o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, "praticamente 60 dias" no trabalho de preparação dos jogos. "E daí surgiu uma admiração, uma amizade e uma proximidade. E eu preciso disso. Para ter o máximo possível velocidade, agilidade e alinhamento de pensamento, por isso então foi feita essa substituição", disse Jungmann.

O novo ministro afirmou ainda que orientou Galloro: "Combata o crime, combata a corrupção". O ministro disse que a Operação Lava Jato continua uma prioridade. "A determinação é que a Operação Lava Jato terá todo o nosso apoio, e todas as suas necessidades no âmbito da Polícia Federal serão atendidas."

PARLATÓRIOS

O titular da Segurança Pública afirmou também que irá gravar encontros de presidiários com visitas em novas unidades do sistema penitenciário a serem construídas.

A gravação de conversas em parlatórios costuma ser autorizada judicialmente em casos pontuais no Brasil e recebe forte reação contrária da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Jungmann disse que levou a questão ao presidente da Ordem, Claudio Lamachia.

“Hoje todas as penitenciárias federais já têm parlatórios. Nossa expectativa é que possamos estender aos demais Estados. Eu fui pessoalmente ao presidente da OAB e levei, 'nós temos um problema'”, disse o ministro, mencionando o fato de criminosos terem dezenas de advogados —o que, para o ministro, não teria uma explicação racional, indicando que alguns defensores funcionam como mensageiros do crime organizado.

Outras medidas anunciadas pelo ministro são dois novos concursos públicos que abririam 500 vagas de agentes na PF e outras 500 na PRF (Polícia Rodoviária Federal) e apoio financeiro para construção de novas unidades prisionais.

Ele pretende exigir uma contrapartida dos Estados para a ajuda financeira, que seria garantir que apenas 1% ou 2% do efetivo das polícias militares nos Estados seja liberada para ficar em cargos burocráticos, fora das ruas.

“Nós queremos policiais nas ruas, não como hoje infelizmente no Rio, com mais de 2.500 policiais em atividades em outros órgãos, realizando outro tipo de atividade, e não nas ruas protegendo a população”, disse o ministro.

O ministro disse que o orçamento da nova pasta, para este ano, será de R$ 2,7 bilhões e que ele recebeu uma promessa do Ministério de Planejamento de que a verba não sofrerá contingenciamento. O ministro disse que ainda não consegue detalhar os gastos previstos com a criação da nova pasta, mas, segundo ele, serão muito pequenos.

O novo ministro disse ainda que espera apoio de outros setores da sociedade civil e mencionou que o ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, o economista Armínio Fraga, deverá participar de forma voluntária das discussões sobre segurança pública no ministério.

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