Responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) defendeu nesta segunda-feira (26) que o Ministério da Defesa seja comandado por um civil.
Como o atual titular da pasta, Raul Jungmann, assumirá o novo Ministério da Segurança, a Defesa será entregue temporariamente ao secretário-geral Joaquim Silva e Luna, general do Exército.
“O Ministério da Defesa é típico de um civil”, disse Marun à Folha, ponderando que ainda não conversou sobre o tema com o presidente Michel Temer.
Sem conseguir encontrar um nome de peso para o Ministério da Segurança, Temer teve de recorrer a uma solução caseira. Acontece que deixar um representante do Exército no comando da Defesa pode constranger Marinha e Aeronáutica.
Em conversas reservadas, o presidente tem discutido a indicação para a Defesa de um nome da carreira diplomática, que tenha mais habilidade para lidar com as disputas de poder dentro das Forças Armadas.
A ideia foi a mesma adotada pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que, durante seus mandatos, escolheram para o posto, respectivamente, José Viegas Filho e Celso Amorim.
TROCAS
A intenção, segundo Marun, é que todos os interinos permaneçam no cargos até abril, quando o governo terá de promover uma considerável reforma ministerial, já que ao menos 12 titulares devem se desincompatibilizar para disputar as eleições.
Os Ministérios do Trabalho e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços estão sendo comandados por seus interinos desde que Ronaldo Nogueira e Marcos Pereira, respectivamente, entregaram seus cargos.
“A ideia é fazer a reforma ministerial uma só vez”, disse Marun.
Assim como Jungmann, o ministro Blairo Maggi (Agricultura) também desistiu de disputar as eleições em outubro para permanecer no comando de sua pasta.
Outro que disse que vai continuar no governo é Alexandre Baldy, à frente do Ministério das Cidades desde novembro do ano passado.
Nos próximos dez meses, terão novo comando devido às eleições: Esporte, Desenvolvimento Social, Turismo, Integração Nacional, Relações Exteriores, Saúde, Educação, Ciência e Comunicações, Transportes, Meio Ambiente e Minas e Energia. A Fazenda também pode passar por uma troca, se Henrique Meirelles for candidato à Presidência.
A ideia é que se tenha um ministério mais técnico, já que os ministros, em geral, pretendem garantir a promoção de seus secretários-executivos e que a maioria dos parlamentares vai disputar algum cargo em outubro.
O governo já identificou, por ora, um desentendimento entre desejo do ministro e intenções da bancada: Osmar Terra quer fazer de seu secretário-executivo ministro do Desenvolvimento Social. Peemedebistas da Câmara, no entanto, querem que o cargo seja assumido pelo deputado Jones Martins (MDB-RS).
Mas há outros casos em que o Planalto pode ter dificuldade para afinar a indicação. A bancada de Minas Gerais, por exemplo, argumenta que o Estado sempre teve alguém no primeiro escalão "desde o Império", tradição que foi quebrada no governo Temer. Para o Ministério do Turismo, aparecem dois nomes na bancada do PMDB da Câmara: Carlos Henrique Sobral, atual chefe de gabinete da Secretaria de Governo, e Vinicius Lummertz, hoje presidente da Embratur.
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