Descrição de chapéu Eleições 2018

Sem Huck, grupo de FHC quer testar outros nomes ao Planalto

Se Geraldo Alckmin não se viabilizar, ex-presidente tucano quer plano B

Igor Gielow
São Paulo
Fernando Henrique, cabelos brancos, óculos e camisa clara, com uma das mãos levantadas fazendo uma careta
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil durante entrevista à Folha - Avener Prado - 08.fev.2018 /Folhapress

Depois da negativa de seu protegido Luciano Huck, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não desistiu de procurar uma alternativa fora de seu partido para a eleição ao Planalto.

Segundo a Folha apurou, no fim da tarde de quinta (15), após Huck confirmar que não deixaria a Rede Globo para disputar o pleito, aliados de FHC discutiram a realização de uma pesquisa qualitativa sobre opções para a corrida pelo Palácio do Planalto.

Um deles afirmou ter recebido um pedido de FHC para a análise de novos cenários. O ex-presidente, por meio de sua assessoria, negou ter feito qualquer demanda nesse sentido.

Em mensagem à reportagem, disse que considera o [o governador tucano de São Paulo] Geraldo Alckmin o mais capacitado entre os nomes sugeridos para exercer a Presidência.

"Estou em Trancoso passando o Carnaval. Não fiz contato com político algum. Reafirmo que, a despeito de minha amizade e consideração por Huck, nunca deixe de dizer que seguirei o PSDB. Qualquer outra afirmação se trata de especulação", afirmou o ex-presidente, que voltou a São Paulo no fim da tarde de sexta (16).

O tucano afirmou no texto que continuará a conversar com os líderes políticos de diversos partidos, o que é próprio de quem tem sentimento democrático.

Desde que passou a incentivar abertamente a candidatura do apresentador da Rede Globo, em declarações públicas, FHC passou a ser alvo de críticas por parte de integrantes de seu partido, a maioria sob anonimato.

No ano passado, o ex-presidente havia qualificado Huck como o novo, ao lado do prefeito paulistano, João Doria, que é do PSDB.

Na semana anterior ao Carnaval, afirmou que uma candidatura de Huck seria boa para arejar o quadro eleitoral brasileiro e recebeu o apresentador para um jantar em seu apartamento. Ele fez ressalvas sobre os riscos da corrida eleitoral, mas incentivou o global a concorrer.

Huck, que estava pressionado pela sua empregadora, a Globo, a tomar uma decisão, acabou descartando a candidatura nesta quinta-feira (15). Manteve, assim, a determinação que havia expressado em artigo publicado em novembro pela Folha.

A Globo estava preocupada com a contaminação de sua imagem, que já vinha ocorrendo em declarações de políticos que falavam numa candidatura apoiada pela emissora.

Pesou também o fato de que a mulher de Huck, a também apresentadora global Angélica, teria de deixar o emprego, e o natural escrutínio a que os negócios da família seria submetido durante a campanha.

Interlocutores de FHC dizem que ele está convencido que o provável presidenciável tucano, o governador Alckmin (SP), pode não se viabilizar mais à frente na disputa. Hoje ele patina abaixo dos 10% das intenções de voto. Daí a busca por nomes.

Alguns nomes deverão ser testados. Um dos citados por conhecidos do ex-presidente é o empresário Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo. Isso não significa apoio do ex-presidente, mas prospecção de cenários para o pleito.

Ao reafirmar o apoio em público a Alckmin, FHC negou contato com o empresário. "Se conheço, não me recordo de haver estado alguma vez com o dono da Riachuelo", afirmou.

Já Rocha chegou a ser citado como um eventual vice de Jair Bolsonaro (PSC), mas rejeita a ideia. Uma eventual candidatura do empresário tem apoio e incentivo do grupo de direita Movimento Brasil Livre, que já foi próximo da ala do PSDB de Doria, de quem está afastado. Rocha diz não ser candidato.

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