FHC falou ainda sobre a candidatura de Ciro Gomes (PDT): “um rapaz impetuoso”, que “tem presença”, mas “muda de opinião e não tem rumo definido”.
Segundo o ex-presidente, “não é um bom sinal” suas várias mudanças de partido nos últimos anos —saiu do PSDB em 1996 para o PPS, mas já tinha passado antes pelo PDS (Partido Democrático Social, extinto em 1993) e o então PMDB. Também passou pelo PSB e ajudou a fundar o Pros.
“O Ciro saiu muito dos partidos, não sei em que partido ele está agora. Ele é instável, a meu ver, do ponto de vista político”, afirmou FHC.
MILITARES
Ao ser questionado sobre a decisão do presidente Michel Temer de, após deslocar o ministro Raul Jungmann para o recém-criado Ministério de Segurança Pública, deixar à frente da Defesa um militar —o general Joaquim Silva e Luna— , FHC disse que, "simbolicamente" seria melhor que fosse um civil.
"No passado, colocar um civil no Ministério da Defesa era um símbolo de que o governo civil prevalece. Hoje já não tem o mesmo significado que teve naquela época", disse. "Simbolicamente, se fosse um civil, seria melhor. Mas do ponto de eficiência, talvez esse militar tenha a eficiência necessária."
Ele, contudo, destacou que o governo estava "encurralado" e "tinha que fazer alguma coisa" em relação à segurança.
"Sobretudo os governos que não são fortes acabam apelando para militares", disse, citando o exemplo do governo de Salvador Allende, no Chile (1970-1973). "Porque, quando começa a faltar crença nos partidos civis, apela-se para uma instituição que tem hierarquia."
SUPREMO
No mesmo evento, o ex-ministro da Defesa e ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim fez críticas a quem “precisa do tribunal para fazer biografia” e ao fato de a corte ter virado “um órgão de soma de vontades individuais”.
Para ele, é claro que há “dois tipos de indicação” ao STF: “Aqueles que tiveram relação direta com o presidente que indicou em consequência de sua biografia e outros que não tinham biografia antes de chegar à corte”. “Quando chegam ao STF, os que não tinham biografia passam a diferir na corte para construir sua biografia”, disse.
“O Supremo tem que ser um órgão plenário e não um órgão de soma de vontades individuais —e o que está acontecendo agora é uma soma não só de vontades, mas de conflitos individuais.”
O ex-ministro do STF Eros Grau também criticou o “grande espetáculo televisivo” de “decisões monocráticas” que o Supremo se tornou. “O Supremo, que era um órgão colegiado pela sua natureza, acabou se transformando num tribunal monocrático, de quarta ou quinta instância.”
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