Descrição de chapéu alckmin

Temer cogita apoiar candidatura de novato para preservar legado

Em cenário desfavorável à reeleição, presidente sonda nomes que defendam governo

Gustavo Uribe Talita Fernandes
Brasília

O presidente Michel Temer admite, nos bastidores, apadrinhar um candidato de fora da política tradicional caso não viabilize a disputa pela reeleição ao Planalto.

Em conversas reservadas, ele tem avaliado que as pesquisas eleitorais demonstram cenário promissor para nomes considerados outsiders e defende que o MDB marque posição em uma disputa que tende a ser pulverizada.

Para ser candidato, Temer sabe que precisa se viabilizar eleitoralmente até maio, quando definirá se tentará a reeleição.

A meta que foi estabelecida, apelidada de Plano Temer, é de que sua aprovação chegue a 15% e sua rejeição caia para 60%.

Hoje, segundo a última pesquisa Datafolha, realizada no final de janeiro, 6% consideram seu governo ótimo ou bom e 70% o avaliam como ruim ou péssimo.

Com o cenário pessimista, o presidente tem considerado um plano B e começou a sondar empresários e executivos para lançá-los pelo MDB com a condição de defenderem abertamente as realizações de seu governo.

Segundo a Folha apurou, o assunto já foi tratado pelo Palácio do Planalto com os presidentes da Riachuelo, Flávio Rocha, e da Coteminas, Josué Gomes da Silva.

O primeiro, que tem sido também cortejado pelo PSDB, tem o apoio do grupo de direita MBL (Movimento Brasil Livre) e suas ideias são alinhadas à bancada evangélica da Câmara dos Deputados.

O segundo já é filiado ao MDB, ficou em segundo lugar na disputa por uma vaga de senador em 2014 por Minas Gerais e é filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011.

O presidente chegou a cogitar também a possibilidade de filiar o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Ele tem resistido a uma candidatura, mas o governo avalia que pode mudar de ideia até abril.

O prefeito de São Paulo, João Doria, também já foi procurado pelo MDB para se lançar ao Planalto, mas respondeu que pretende seguir no PSDB e disputar o governo de São Paulo.

IRRITAÇÃO

O movimento do Palácio do Planalto tem como objetivo encontrar um meio para não apoiar de forma nenhuma a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pelo PSDB.

O distanciamento do tucano do governo, sobretudo em relação à reforma previdenciária, irritou o presidente, que não acredita na possibilidade de o governador defender o seu legado no cargo.

Nas últimas semanas, Alckmin tem resistido em discutir com Temer a hipótese de um acordo eleitoral entre PSDB e MDB, em uma estratégia para não ser associado a um governo impopular.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem tentado promover uma aproximação entre Alckmin e Temer, mas o tucano tem resistido ao máximo, o que levou o emedebista a desistir de uma composição.

REELEIÇÃO

O presidente só considera ser candidato à reeleição caso sua popularidade melhore até maio. A meta aumentar a popularidade de 5% para 15% e reduzir a rejeição de 70% para 60%

OUTSIDERS

Caso não dispute, o presidente avalia lançar  pelo MDB um nome de fora da política tradicional, como:

Pedro Parente: presidente da Petrobras, é reconhecido pelo perfil técnico, apesar de ter sido ministro da Casa Civil e do Planejamento de FHC. A aposta é que atraia apoio de dirigentes tucanos

Flávio Rocha: o empresário da Riachuelo já discutiu mais de uma vez com o presidente a pretensão de ser candidato. É defensor das reformas trabalhista e previdenciária

Josué Gomes: Filiado ao MDB e filho de José Alencar, foi candidato a senador por Minas Gerais em 2014 e recebeu 3,6 milhões de votos, mas perdeu para Antonio Anastasia, do PSDB

MAIA E MEIRELLES: Pré-candidatos do governo, têm apresentado dificuldades em crescer nas pesquisas eleitorais e já são considerados azarões pela equipe do presidente

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