Descrição de chapéu Eleições 2018

Aplicativo quer ajudar eleitor a acompanhar parlamentares

Prevista para entrar no ar em maio, ferramenta permitirá fazer pressão em tempo real nos políticos

Joelmir Tavares
São Paulo

Se o eleitor tivesse na mão uma ferramenta para acompanhar a atividade do deputado em quem votou, formar opinião própria sobre projetos que seu representante avalia e ainda medir a afinidade entre seu pensamento e as posturas do parlamentar, o Congresso seria melhor.

O executivo Mario Mello encasquetou com essa ideia e decidiu colocá-la em prática ao deixar neste ano o cargo de diretor-geral do PayPal (empresa de pagamentos online) na América Latina.

Ele idealizou o aplicativo Poder do Voto, que começa a funcionar em fase de testes em maio, e saiu em busca de R$ 1 milhão, o investimento inicial do projeto. Diz já ter conseguido a metade, com doações de pessoas físicas.

O executivo Mario Mello, ex-diretor-geral do Paypal na América Latina e idealizador do aplicativo Poder do Voto
O executivo Mario Mello, ex-diretor-geral do Paypal na América Latina e idealizador do aplicativo Poder do Voto - Divulgação

Colocou também dinheiro do próprio bolso (não revela quanto), movido pela ideia de que “estava fazendo algo por um país melhor”, afirma.

O app, que ainda não pode ser baixado, mas será gratuito, permitirá que o usuário marque um deputado e três senadores para acompanhar. A pessoa conseguirá mostrar para o político como quer que ele vote e, depois, conferir como ele procedeu.

“Se o representante errou, quem votou nele e ficar arrependido vai poder procurar outro candidato”, diz Mello.

Para ajudar o eleitor a formar opinião sobre os temas a serem votados, o app terá a contribuição de entidades e movimentos que darão pareceres. Ele diz, por exemplo, que conversa com a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), mas também com a UGT (União Geral dos Trabalhadores). Procurou ainda o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), o Vem pra Rua e o MBL (Movimento Brasil Livre).

“Não sou eu quem vai dizer se a lei é boa ou não, quem vai falar são as entidades de classe”, afirma Mello. “Minha ideologia é irrelevante. Sou um cidadão tentando estimular a transparência. Se o app não tiver pluralidade, eu falhei.”

Diferentemente de aplicativos similares —como o Monitora, Brasil! e o Sr. Cidadão, que também possibilitam monitorar deputados—, o Poder do Voto terá como principal guia a pauta de votações do Congresso na semana.

“A ideia é criar um debate sobre as leis do momento, para que a população atue na construção junto com o deputado”, diz o autor do app.

O político receberá as pressões dos usuários em tempo real. Além de ver o que se espera de seu voto, ele poderá verificar de tempos em tempos se está atendendo à vontade de sua base. Mello conta que apresentou o aplicativo a lideranças de diferentes partidos, que gostaram do que viram.

O uso será gratuito também para os parlamentares. O aplicativo, segundo o executivo, não terá fins lucrativos nem vai explorar publicidade.

O plano, diz ele, é depois manter o projeto com doações e trabalho voluntário. Além do PayPal, Mello trabalhou para Visa, Banco Real e Cielo. Hoje investe em startups.

Os sites Ranking dos Políticos e Atlas Político, que fiscalizam votações, gastos e processos contra congressistas, também estão no radar para se tornarem parceiros.

“Existe uma energia enorme atrelada à revolta com a política no Brasil”, diz o executivo. “Meu plano é colocar essa energia para movimentar algo, numa perspectiva mais construtiva do que de crítica só pela crítica.”

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.