Descrição de chapéu sao-paulo-estado alckmin

Cotado para enfrentar Doria nas urnas, filho de Covas deixa PSDB

Vereador paulistano se disse decepcionado com rumo do partido

Thais Bilenky
São Paulo

Filho do ex-governador Mario Covas, um dos principais nomes do PSDB, o vereador paulistano Mario Covas Neto anunciou sua desfiliação nesta quinta-feira (1) em São Paulo dizendo-se decepcionado com o que se tornou um “partido de donos”.

“O que vejo são projetos individuais de mando, deslealdade entre companheiros, desprezo e incompreensão ao verdadeiro motivo da existência do partido”, discursou.

Ao longo de todo 2017, Covas Neto manifestou críticas ao que considerou ser interferência do prefeito João Doria (PSDB) no Legislativo municipal e expressou indignação com a permanência do senador mineiro Aécio Neves à frente da legenda, mesmo que licenciado. O ato, realizado em uma casa no bairro de Alto de Pinheiros usada por pai e filho em campanhas, não contou com a presença de lideranças tucanas.

O vereador Mario Covas Neto sorrindo ao cumprimentar mulher
O vereador Mario Covas Neto - Bruno Poletti - 7.ago.2015 /Folhapress

Agora, ele é cotado para ser candidato a vice na chapa de Marcio França (PSB), que deve concorrer com o próprio Doria na eleição para o governo estadual.

Covas Neto conversa há meses com o Podemos, mas disse que ainda não está definido seu futuro partidário. O PSDB ameaça requerer o seu mandato, já que a janela partidária que será aberta neste mês não inclui vereadores, mas apenas deputados federais.

No ano passado, o ex-tucano chegou a manifestar interesse em disputar uma vaga ao Senado. Aliados dizem que, se a vice de França não se concretizar, ele pode pleitear o Senado ou a Câmara dos Deputados.

“Doria desconstrói a imagem que fez na campanha, de alguém que era gestor, e não político”, disse. Ao agir para se lançar ao governo após um ano e quatro meses na prefeitura, o tucano ”se torna um carreirista”, criticou.

A gota d’água da decisão, disse Covas Neto, foi a decisão do PSDB de tirá-lo do comando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Vereadores alegando, segundo ele, uma atuação crítica ao Executivo.

“Ter visão crítica não corresponde a ser desleal”, retrucou. O vereador disse que não pretende passar a ser oposição a Doria nem a seu sobrinho Bruno Covas (PSDB), vice-prefeito que pode assumir a administração municipal caso o titular dispute a eleição.

“Eu e Bruno estamos na vida pública, mas temos caminhos diferentes na política. Ele ou está satisfeito com o PSDB ou acha que ainda vale a pena lutar por ele”, observou Covas Neto.

“Ele é de outra geração, mais nova, o entorno dele é diferente do meu.”

Caso se filie de fato ao Podemos, Zuzinha, como é conhecido, apoiará na disputa presidencial o candidato do partido, Alvaro Dias.

Do contrário, ele disse que não teria constrangimento em apoiar o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).

“Tenho muita consideração por ele”, afirmou. “Mas ele tem uma parcela de culpa [pelos rumos do PSDB]. Como presidente nacional do partido, algumas coisas poderiam ter acontecido de outra forma.”

Covas Neto criticou a falta de unidade da bancada de deputados federais em torno, por exemplo, da reforma da Previdência.

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