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'Existe uma usina de intrigas', diz Ciro sobre relação com Lula e o PT

Presidenciável afirma que partido quer manter capital político do ex-presidente

Géssica Brandino
São Paulo

O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta quarta-feira (14) que existe uma usina de intrigas sobre a relação dele com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidenciável afirmou que as razões disso são impedir a união dos partidos de esquerda no segundo turno e uma estratégia do PT para garantir o capital político de Lula numa transferência de votos ao indicado por ele para a disputa.

“O Lula pra mim não é um mito ou uma figura distante, mas um amigo de muitos anos. Muitos anos. Desde 1988, quando era um jovem prefeito de Fortaleza e ele uma mirabolância, uma promessa”, afirmou Ciro, ao ser questionado por jornalistas sobre declarações recentes de Lula.

 
Ciro Gomes gesticula durante palestra
Ciro Gomes apresenta propostas de campanha para empresários em São Paulo - Mário Miranda/ Reprodução/Amcham

Ex-ministro do petista, Ciro disse que a única verdade no que é dito é que ajuda Lula há 16 anos. Sobre o PT, ele afirma que não é crítico ao partido, mas ao modelo econômico adotado pela sigla e pelo PT ter facilitado a “chegada de quadrilheiros ao poder, a ponto de colocar Michel Temer como vice”.

Ciro declarou mais uma vez que Lula não estará na disputa à Presidência, o que diz considerar injusto. O pré-candidato também negou que pediu ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad que fosse seu vice. “Eu nunca procurei o Haddad para ser meu vice. Me perguntaram o que achava e disse que seria um dream time. Nunca esteve na minha cogitação que seria meu vice. O PT o lançará candidato e é natural que o faça”, afirmou.

O presidenciável negou ainda que exista diálogos nesse sentido com Marina Silva, por quem afirma ter grande estima. “Como posso querer a Marina de vice se ela é maior do que eu?”, disse.

Segundo o pré-candidato, ainda não é momento para definições de alianças e que todo mundo está conversando com todo mundo. Ele afirmou que tem falado amiúde com todo mundo do PSB, partido ao qual foi filiado no passado e no qual diz ter amizades profundas. Questionado sobre a proximidade com Márcio França, pré-candidato pela sigla ao governo de São Paulo, Ciro disse que tem conversado com o vice de Alckmin e que torce muito por ele. “Não sei qual será o destino do PDT, mas ele fará história em São Paulo.”

Questionado sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro (PSL) vencer a eleição, o presidenciável afirmou que há resignação em São Paulo diante da candidatura do deputado. “Vejo em São Paulo uma certa resignação de que o Alckmin não dando no couro, ele vai virando um mal menor para esse mundo criptoconservador. Não consigo ver isso. Há muita inconsistência”, disse.

O pedetista diz que a campanha na televisão vai clarear o cenário na disputa. Questionado sobre a estratégia que usará, uma vez que tem pouco tempo de TV, respondeu: “Tirando mais voto que o adversário. Isso deixa comigo que eu sei fazer.”

ÁGUA E VINHO

O presidenciável falou com a imprensa após palestrar para um público de empresários na zona sul de São Paulo. No discurso, Ciro defendeu o livre comércio, a reforma fiscal, a mudança na política cambial do país, a tributação sobre herança e lucros e dividendos, além de uma reforma tributária que não seja remendo para fazer o país voltar a crescer, o que segundo ele não acontece desde os anos 80.

Em entrevista à Folha, o coordenador de campanha do presidenciável, o economista Nelson Marconi, defendeu que a presença do estado na economia e a produção industrial para gerar crescimento econômico, pontos defendidos por Ciro durante a palestra.

Questionado se seu projeto econômico para o país se assemelhava ao de Dilma Rousseff, Ciro disse que era como comparar água e vinho e criticou a política de desoneração praticada no governo da petista. Apesar de discordar de Dilma, o pré-candidato também saiu em defesa da ex-presidente, dizendo que ela sofreu impeachment sem praticar crime, dando lugar a uma “quadrilha de ladrões”.

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