PF faz buscas no governo do Espirito Santo contra fake news eleitoral

Pesquisas tidas como falsas apontavam chance de vitória para o atual governador Paulo Hartung

Lucas Rezende
Vitória

A Polícia Federal fez buscas em uma secretaria do Governo do Espírito Santo nesta quarta-feira (14) durante a Operação Voto Limpo, para combater a disseminação de fake news no processo eleitoral deste ano. Pesquisas tidas como falsas apontavam chance de vitória para o atual governador Paulo Hartung (MDB).

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da Secretaria de Estado de Esportes e Lazer e na casa de um servidor comissionado do governo. Foram levados computadores e celulares.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB) - Joel Silva/Folhapress

Dois mandados de intimação também foram expedidos. Esta foi a primeira operação de combate à fake news no estado.

A PF identificou, a partir de uma denúncia, duas supostas pesquisas eleitorais forjadas estimando o cenário para o governo estadual estavam sendo disseminadas em grupos de Whatsapp e no siteCapixabão.com”.

"O beneficiado seria o governador Hartung, segundo o delegado regional de combate ao crime organizado, Vitor Moraes Soares.

Nas pesquisas falsas, Hartung aparece com 39% das intenções de voto, contra 30% de seu rival político, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) no cenário estipulado. Hartung também mostrava vantagem de quase 10% na pesquisa espontânea. No site investigado, o título da suposta pesquisa era “Paulo Hartung tem a preferência do eleitor da Grande Vitória”.

“O responsável pela propagação das fake news além de ocupar um cargo no governo, escrevia uma coluna de cunho político no tal site. Era uma coluna periódica, sem remuneração, que procurava ser tendenciosa aos benefícios do governador”, disse Soares, em entrevista coletiva.

Os nomes dos investigados não foram divulgados. A PF chegou até o suspeito após um cruzamento de dados. Ele surge em muitas fotos ao lado de Hartung nas redes sociais, possui lados de divulgação com ações do governo, e já ocupou cargo público na Assembleia Legislativa.

Até o momento a Polícia Federal não obteve indícios de que as supostas pesquisas tenham sido encomendadas por algum político capixaba. “As investigações mostram que o servidor fez por benefício próprio, em virtude de eventualmente ocupar um cargo comissionado, caso houvesse continuidade de governo [após as eleições]”, afirmou o delegado.

OUTRO LADO

Segundo a superintendente de Estado de Comunicação, Andréia Lopes, o governo apoia a operação. “Não concordamos com esse tipo de conduta dentro do governo. Não há nenhum tipo de participação do governador direcionando esse tipo de ação. Vamos apurar rigorosamente a conduta desse servidor e decidir qual será a medida que vamos adotar”.

O site Capixabão.com divulgou nota dizendo que a ação da PF causou espanto e que procura sempre divulgar informações baseadas em fatos reais e não especulativos.  Disse ainda acreditar na liberdade de expressão e a livre manifestação de pensamento. Não comentou especificamente a divulgação da pesquisa.

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