Primeira-dama defende Alckmin de suspeita de caixa dois envolvendo irmão

Dois delatores da Odebrecht disseram que o cunhado de Alckmin operacionalizou repasses 

Thais Bilenky
São Paulo

A primeira-dama do estado, Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin, defendeu o marido, o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) de suspeita de caixa dois supostamente intermediado pelo irmão dela, Adhemar Ribeiro, na campanha de 2010.

"Se alguém se tiver dúvida sobre a vida do Geraldo, é só ir atrás", disse à Folha domingo (18), após votar na prévia tucana para o governo de São Paulo.

Lu Alckmin, primeira-dama do estado de São Paulo, vota nas prévias do PSDB neste domingo no diretório do Butantã
Lu Alckmin, primeira-dama do estado de São Paulo, vota nas prévias do PSDB no domingo (18) - Thais Bilenky/Folhapress

Dois delatores da Odebrecht disseram que o cunhado de Alckmin operacionalizou repasses que somaram R$ 2 milhões para a eleição ao governo de São Paulo de 2010. O tucano nega.

A delação ensejou pedido de inquérito, que tramita em sigilo no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Lu Alckmin afirmou que o atual momento não é o mais desafiador para o marido, que, além da sombra da Lava Jato, tenta fazer sua campanha à Presidência deslanchar, mas vê a intenção de voto estacionada ao redor dos 10%, segundo o último Datafolha, de final de janeiro. 

"Todos os momentos foram difíceis", afirmou. A eleição "está na mão da população, ela que vai escolher", constatou. 

O potencial eleitoral de Alckmin é questionado por políticos. Apesar da visibilidade de governar São Paulo pela quarta vez e ter disputado uma eleição presidencial antes (em 2006), o tucano é visto como pouco carismático.

A primeira-dama repetiu o mote da campanha de Alckmin até aqui, de comparar a situação do estado em relação ao resto do país. 

"Não tenho dúvida de que ele está preparado. Você pode ver como está São Paulo perto dos outros estados no Brasil inteiro", disse.

"Ele foi vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, vice-governador de Mario Covas, que foi o professor dele. Depois governador todos esses anos. Então, subiu cada degrauzinho. Acho que a pessoa tem que ir aprendendo", sustentou.
 

Lu disse que não sabe ainda se terá algum papel na campanha do marido. "Só se me convocarem". Mas a família do governador tem sido com frequência levada às redes sociais.
 

"Interessante é que o que mais movimenta não é política, são coisas mais afetivas", observou o governador.

Com frequência, imagens do casal são postadas, como na última sexta-feira (16), na comemoração dos 39 anos de casamento. Também os netos aparecem brincando com o avô --em uma cena, estão se divertindo com mico, jogo de cartas.

procissão

Presidente do Fundo Social do estado, Lu Alckmin deixará o governo uma semana antes do prazo de desincompatibilização para percorrer a pé a Rota da Luz, que leva de Mogi a Aparecida.

A procissão, de uma semana, começará no dia 2 de abril, quando a morte de Thomaz, o caçula de Lu e Alckmin, completará três anos. O governador deixa o Palácio dos Bandeirantes no dia 7 e não a acompanhará, segundo a primeira-dama.

"Thomaz falava para mim: 'Mãe, quando ficar pronta essa rota, vou de moto ou a cavalo', então quis fazer essa homenagem a ele", disse. 

É a segunda vez que ela faz a procissão. 
 

Thomaz morreu em um acidente de helicóptero em 2015. A perda do filho incentivou a sua atuação como voluntária, disse a primeira-dama 

"A experiência que eu tive é que ele foi levado porque tinha terminado a missão dele aqui na Terra. Se eu fazia o trabalho social com muito amor, a partir do dia em que ele partiu, eu passei a fazer com mais amor", afirmou.

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