Descrição de chapéu WhatsApp

Rastreamento de notícias falsas na eleição será mais difícil no WhatsApp

TSE propôs colaboração com aplicativo para identificar origem das fake news

Joelmir Tavares Isabel Fleck
São Paulo

Se o rastreamento para identificar a origem de ofensas e notícias falsas durante as eleições deste ano já promete ser difícil em plataformas como Twitter e Facebook, ele deverá ser especialmente complicado no WhatsApp, onde as mensagens são protegidas por criptografia.

Com a garantia de privacidade, o aplicativo se torna uma caixa-preta, avaliam analistas. 

Imagem mostra uma urna eletrônica utilizada para votação em Pernambuco
Urna eletrônica utilizada para votação em Pernambuco; analistas temem que fake news influencie eleição - Diego Herculano - 4.abr.2017 / Folhapress

“Uma conduta maliciosa no Facebook a gente sabe de onde veio, a gente consegue identificar a fonte. No WhatsApp, não —a informação trafega muito mais impune”, diz o professor da USP Pablo Ortellado, que pesquisa o tema.

Pela lei eleitoral, quem contratar pessoas para emitir mensagens na internet ofendendo um candidato ou partido pode ser condenado a até quatro anos de prisão e pagar multa de até R$ 50 mil.

Apesar de não ter acesso ao conteúdo, o WhatsApp consegue visualizar metadados e padrões no envio. Com isso, é possível detectar se um mesmo número mandou centenas ou milhares de mensagens com o mesmo tamanho em um curto período. Também monitora se há muitos telefones bloqueando uma determinada conta.

Segundo o Datafolha, 63% dos eleitores brasileiros têm conta no WhatsApp, e 21% compartilham notícias sobre política brasileira e eleições no aplicativo. 

O TSE —que montou uma força-tarefa com órgãos públicos e entidades para tentar manter um ambiente saudável nas redes durante as eleições— propôs ao WhatsApp uma espécie de colaboração para o caso de problemas, segundo um ex-funcionário da corte ouvido pela Folha.

A ideia seria que o aplicativo desse prioridade ao atendimento de demandas da Justiça Eleitoral, por exemplo quando for preciso descobrir a origem de notícias falsas.

Representantes de outras redes sociais e grupos de tecnologia também participam das reuniões na corte.

Oficialmente, o TSE diz que não houve essa negociação com as empresas, mas que elas “falaram tanto de possibilidades para aumentar a colaboração com a Justiça Eleitoral, quanto de eventuais soluções técnicas para problemas como o uso de robôs na disseminação das informações e a necessidade de diminuir o spam em conversas”.

Empresas que fazem disparo de mensagens, porém, têm ferramentas que ajudam a burlar os mecanismos de defesa do aplicativo. Elas hoje atendem principalmente empresas, mas começam a oferecer serviços para campanhas.

Com as chamadas “fazendas de celular”, essas agências colocam vários aparelhos conectados a computadores para disparar torpedos —tomando o cuidado de dosar a quantidade de mensagens enviada a partir de cada usuário.

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