RenovaBR sonda 'novatos famosos' do mundo político e oferece bolsa

Grupo que apoia potenciais candidatos fez convite a namorado de Fátima Bernardes

Joelmir Tavares
São Paulo

Em busca de potenciais candidatos para sua nova turma de participantes, o grupo RenovaBR sonda novatos do mundo político que já têm alguma fama e se interessam em disputar vagas no Legislativo na próxima eleição.

O advogado pernambucano Túlio Gadêlha, que deve concorrer a uma cadeira na Câmara
O advogado pernambucano Túlio Gadêlha, que deve concorrer a uma cadeira na Câmara - Reprodução/Facebook/TulioGadel

O advogado pernambucano Túlio Gadêlha, filiado ao PDT e mais conhecido por ser o namorado da apresentadora Fátima Bernardes, foi um dos procurados. A entidade privada, que propõe renovação, oferece aulas para pré-candidatos, além de bolsas entre R$ 5.000 e R$ 12 mil.

Apoiada por Luciano Huck —apresentador da Globo, como Fátima—, a organização seleciona mais 50 lideranças para se juntarem às cem em treinamento desde janeiro.

Para a nova leva, a entidade conversou também com João Campos, filho do ex-presidenciável Eduardo Campos (1965-2014), e Rafael Parente, filho do presidente da Petrobras, Pedro Parente.

Diferentemente da turma atual, formada a partir de 4.000 inscritos, desta vez é o Renova que está indo atrás dos futuros integrantes. O processo seletivo, com entrevistas, testes e bancas de avaliação, irá até abril.

O critério fama é levado em conta porque pode ser traduzido em potencial de votos, no entendimento do grupo. Mas a condição não exclui outras características desejadas, como liderança em suas bases, ficha limpa e compromisso com transparência e ética.

Do grupo de participantes que começou no início do ano, é considerado exemplo desse perfil o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Ele ganhou popularidade depois de fazer denúncias em 2016 que derrubaram Geddel Vieira Lima.

Gadêlha, que deve concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados, ainda reflete sobre o convite. Diz ter receio sobre a pluralidade partidária do grupo (que afirma prezar pela diversidade e tem entre os bolsistas filiados a Novo e PSDB, mas também a siglas como PSB e PC do B).

“A iniciativa de uma escola para formação de quadros, a princípio, é boa, principalmente neste momento”, afirma o advogado. “Mas eu precisaria ter mais clareza sobre os financiadores”, segue.

Nomes de doadores não são divulgados. O empresário Eduardo Mufarej, autor da iniciativa, costuma falar que vem bancando a maior parte dos custos e conta com parcerias.

Uma vaquinha virtual do movimento quer arrecadar R$ 2 milhões até 3 de abril —conseguiu até agora cerca de cem doações e R$ 36 mil.

Gadêlha também põe na balança eventuais consequências na vida pessoal. Tem dito que poderia ser embaraçoso receber dinheiro de uma entidade apadrinhada por um colega de emissora de Fátima.

O pedetista, que foi candidato a deputado em 2014 (teve 3.495 votos), faz campanha pela democratização da mídia e critica publicamente “oligopólios midiáticos”.

NÃO, OBRIGADO

Campos e Parente recusaram o convite.

O primeiro respondeu que não teria como se dedicar por causa do trabalho como chefe de gabinete do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Pré-candidato a deputado federal, ele diz também ter compromissos locais.

O segundo —ativista de educação e cofundador do Agora!, um dos movimentos pró-oxigenação política— diz que, por motivos familiares, resolveu não ser candidato.

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