O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), anunciou na tarde desta segunda-feira (26), que deixará o cargo no dia 6 de abril para concorrer ao Senado. De acordo com a legislação eleitoral, ele teria até o dia 7 de abril para se desincompatibilizar.
Com a saída de Richa, assume a vice-governadora Cida Borghetti (PP), pré-candidata ao governo. Ela é mulher do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que também já anunciou que deixará o cargo para concorrer às eleições. Ele deve ser candidato a deputado federal pelo Paraná, função da qual se licenciou para assumir o ministério.
A família Barros é tradicional na política do estado —a filha do casal, Maria Victoria, conseguiu uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná quando tinha apenas 22 anos.
Richa verbalizou a decisão após reunião com o secretariado e afirmou que optou por deixar o governo após receber o apoio de aliados.
QUADRO NEGRO
O tucano foi eleito em 2010 e reeleito em 2014. Ambas as vitórias ocorreram no primeiro turno.
Em 2015, a deflagração da Operação Quadro Negro, que apura desvios de cerca de R$ 20 milhões da construção de escolas públicas estaduais, trouxe desgaste para o governador.
O ex-diretor da Sude (Superintendência de Desenvolvimento Educacional) e amigo de Richa, Maurício Fanini, é um dos investigados na operação. Braço direito do governador, o tucano Valdir Rossoni também é alvo das apurações.
Em setembro do ano passado, o dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmou em acordo de colaboração premiada que pagou R$ 12 milhões de propina a Fanini.
O empresário disse, ainda, que deu a ele US$ 20 mil (cerca de R$ 66 mil, em valores atualizados) em espécie para uma "viagem da vitória" que o servidor fez com Richa em novembro de 2014. Os dois foram para Miami e Caribe, onde comemoraram a reeleição do governador.
À época, em nota, Richa classificou de mentirosas as declarações do delator, com o qual afirmou nunca ter tido contato.
O dono da Valor também implicou Ricardo Barros em sua colaboração, dizendo que negociou com ele a compra de um cargo no governo do Estado por R$ 15 mil mensais. Os pagamentos teriam sido feitos ao seu cunhado, Juliano Borghetti. Ambos afirmaram que Juliano recebeu os valores porque trabalhou por cerca de três meses na construtora.
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