A Justiça Federal manteve cautelarmente a prisão preventiva de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor de engenharia da Dersa, após uma audiência de custódia na noite desta sexta-feira (6), até avaliar todas as manifestações dos réus e da defesa.

O ex-diretor da Dersa participou da audiência já com os cabelos raspados, de roupa bege da penitenciária e usando sandálias Havaianas brancas nos pés. 

Souza, conhecido como Paulo Preto, foi detido em sua casa às 6h pela Polícia Federal. Por ora, está sob custódia no Centro de Provisória de Pinheiros.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o pedido de prisão ocorreu porque Souza teria tentado obstruir as investigações ao ameaçar uma ré e colaboradora do processo que apura irregularidades na construção do trecho sul do Rodoanel, em um esquema que teria funcionado de 2009 a 2011. 

O MPF investiga desvios de R$ 7,7 milhões nas obras do Rodoanel, que teriam de ser destinados ao realojamento de moradores da região das obras viárias, durante a gestão do tucano José Serra (2007-2010).

Mércia Ferreira Gomes, que prestou serviço à Dersa no realojamento das famílias, relatou ter recebido ameaças ao longo de dois anos, incluindo ofertas de dinheiro para que se mantivesse calada em depoimentos.

A defesa pediu a adoção de medidas alternativas e argumentou que os fatos que embasam o pedido de prisão provisória ocorreram há mais de dois anos. 

Além disso, os advogados questionam a versão da testemunha, que não teria mencionado Souza em depoimentos posteriores às supostas ameaças ou registrado Boletim de Ocorrência.

Em seu depoimento, Souza afirmou que foram apreendidos em sua residência um iPad e um pendrive com informações sobre os desalojamentos promovidos da Dersa no Rodoanel.