Janot desiste de concorrer a vaga em órgão do Ministério Público

Ex-procurador-geral está em licença na Colômbia para dar aulas em uma universidade em Bogotá

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O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que desistiu do conselho
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que desistiu do conselho - Pedro Ladeira - 4.set.2017/Folhapress
Brasília

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot anunciou nesta segunda-feira (23) que desistiu de concorrer a uma vaga no Conselho Superior do Ministério Público Federal.

Janot, que deixou o cargo em setembro de 2017, é subprocurador com atuação no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e está em licença na Colômbia para dar aulas em uma universidade em Bogotá.

O conselho decide questões administrativas, como a criação de uma força-tarefa. Os cerca de mil procuradores do país participam da escolha dos integrantes do colegiado. Eles vão votar em dois representantes para o órgão.

A eleição está marcada para 22 de maio, mas as inscrições para concorrer a uma das vagas terminaram na sexta (20). Janot se inscreveu e viajou aos Estados Unidos.

Ele diz que mudou de ideia durante a viagem e que agora pretende concentrar as energias em defender o legado da Lava Jato. 

"Nessa última semana estive em um evento em Nova York na Universidade de Columbia, onde falei sobre a Lava Jato e seu legado. Tenho recebido muitos convites como esse para dar palestras e aulas no Brasil e também no exterior. Nesses fóruns, tenho a oportunidade de falar da minha experiência no combate à corrupção e de divulgar essa importantíssima agenda para o desenvolvimento do país", escreveu Janot em mensagem enviada aos procuradores pelo sistema do Ministério Público. 

"Durante o período que passei nos EUA, os convites se avolumaram. Tal circunstância me levou a reexaminar responsável e detidamente as agendas das atividades de subprocurador-geral, conciliadas com a de conselheiro, a da carreira acadêmica que venho trilhando desde o fim do mandato de procurador-geral e a dos chamamentos para as palestras, as duas últimas, sob a ótica desse crescimento vertiginoso. Ficou claro para mim que precisaria fazer uma escolha."

Janot diz que "no atual momento" lhe parece mais útil "ocupar os espaços fora da instituição". Segundo ele, "denunciar os ataques sistemáticos contra o modelo de combate à corrupção consolidado pela Lava Jato é a opção mais acertada para um ex-PGR". 

RENAN CALHEIROS

No Twitter neste domingo (22), senador Renan Calheiros (MDB-AL) critica a candidatura de Janot a uma vaga no conselho. 

Ele afirma que Janot "e sua turma foram pegos fazendo jogo duplo e com a mão na botija" e que "mesmo assim, o ex-procurador quer uma vaga para fiscalizar a sucessora". 

Na carta, o ex-procurador diz que, apesar de não concorrer mais, Renan não deve ficar tranquilo porque o Ministério Público vai seguir combatendo a corrupção.

"Após atacar-me covardemente, o senador mostra-se preocupado com os efeitos de minha candidatura sobre os destinos do MPF. Infelizmente, não posso tranquilizá-lo em suas preocupações", escreveu o ex-PGR. 

"Quanto ao conhecido senador, estou certo de que ele, para seu desespero, será surpreendido negativamente nas obscuras expectativas que acalenta. Deixo a possibilidade de voltar à cena institucional no nosso mais importante colegiado, mas a bandeira que carreguei até aqui está íntegra e flamejante. Desconfio que o sr. Calheiros não vai demorar a entender a qualidade do caráter dos membros do Ministério Público brasileiro, nem que o seu verdadeiro problema não é Rodrigo Janot, mas a Constituição e as leis do país", acrescentou.
 

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