Lesão em administrador em frente ao Instituto Lula foi grave, diz IML

Ex-vereador de Diadema agrediu manifestante que xingou petistas

O administrador de empresa Carlos Alberto Bettoni, que foi ferido em frente ao Instituto Lula
O administrador de empresa Carlos Alberto Bettoni, que foi ferido em frente ao Instituto Lula - Rahel Patrasso/Xinhua
São Paulo

O IML (Instituto Médico Legal) avaliou como grave a lesão corporal sofrida pelo administrador de empresa Carlos Alberto Bettoni, 56, durante manifestação em frente ao Instituto Lula, no Ipiranga, na zona sul de SP, na última quinta-feira (5). Dirigentes do PT estavam reunidos no local para discutir a posição do partido em relação ao mandado de prisão expedido pelo juiz Sergio Moro contra o ex-presidente Lula naquele dia.

Bettoni está internado com traumatismo craniano após ter sido agredido pelo ex-vereador de Diadema Manoel Eduardo Marinho, o Maninho do PT, e seu filho, Leandro Eduardo Marinho. 

Pai e filho, que foram indiciados, aparecem em imagens empurrando o administrador de empresa, que é derrubado e bate com a cabeça no para-choque de um caminhão que passava na rua naquele momento. Ele ficou desacordado e com a cabeça ensanguentada. Logo depois, foi levado ao hospital.

Antes de ser agredido, Bettoni protestava contra os petistas. Um terceiro suspeito, identificado pela Polícia Civil como Paulo Caires, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, também será ouvido nos próximos dias. Nas imagens, ele aparece chutando o administrador de empresa.

O começo da confusão foi registrado em vídeo. Nas imagens, um grupo de manifestantes do qual o administrador de empresa fazia parte aparece xingando os petistas. Um deles diz: "Vai ser reeleito, filho da puta do caralho?". "Volta aqui para apanhar, vagabundo", diz outro. "Vai, seu canalha", diz mais um. 

Não fica claro se as provocações foram direcionadas ao líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), que dava entrevista no momento da confusão, ou ao ex-vereador, que aparece em seguida confrontando o administrador de empresa. "Sai daqui, seu merda, você ainda vai apanhar", disse o ex-vereador, antes de empurrá-lo.

O filho do ex-vereador aparece em seguida. Bettoni cai em um arbusto e tenta fugir em direção à rua. Ele é perseguido por pai, filho e um homem de camisa vermelha, identificado como Paulo Caires, diretor do sindicato dos metalúrgicos, que cai ao tentar chutá-lo. "Sai, canalha, isso, aí, pula fora. Canalhão filho da puta", diz. "Bolsonaro filho da puta", diz outro homem não identificado nas imagens.

Em seguida, após nova agressão do ex-vereador, Bettoni bate a cabeça no para-choque de um caminhão que passava na rua e cai desacordado. Pessoas começam a pedir aos gritos para chamar uma ambulância ao ver um rastro de sangue se formar no asfalto.

A mulher do administrador, Terezinha Quaresma, disse que os médicos ainda não deram uma previsão de alta e que ele deve passar por nova cirurgia para reconstituir fissura óssea no crânio. Seu estado de saúde é estável.

"Ele está com um corte de 15 centímetros na cabeça. Mas está bem, no geral, comendo sozinho e falando normalmente", disse.

De acordo com o delegado Wilson Zampieri, responsável pelas investigações, um exame complementar de corpo de delito será feito em 30 dias para atestar se a vítima sofrerá algum tipo de sequela. "Nesse caso, a lesão corporal grave pode virar gravíssima", diz.

O inquérito policial deve ser concluído nos próximos dias. Se condenados, o ex-vereador e seu filho podem responder a pena de um a cinco anos de prisão por lesão corporal dolosa grave, quando há intenção de ferir. Em caso de gravíssima, a pena passaria de dois a oito anos de prisão.

A advogada do ex-vereador, Patrícia Cavalcanti, classificou como fatalidade o fato de o caminhão estar passando bem no momento da confusão. "Houve uma reação a uma provocação. A intenção do senhor Manoel era afastá-lo dali", disse. O ex-vereador hoje é assessor parlamentar do deputado estadual Teonilio Barba (PT).

Segundo a defesa, o ex-vereador ainda não irá se pronunciar sobre o caso, para poupar a família. "Sua filha foi hostilizada em um supermercado em Diadema no fim de semana. A família também está recebendo ameaças pelo celular."

PODÓLOGO

A mulher do administrador de empresa conta que o marido tinha ido ao podólogo em uma rua próxima ao Instituto Lula, no Ipiranga, quando decidiu ir até lá ver a movimentação após mandado de prisão expedido pelo juiz Sergio Moro contra Lula naquele dia. "Até me senti culpada porque fui eu quem o avisou sobre o mandado", diz Terezinha.

Nas imagens, Bettoni aparece descalço. "Ele ainda estava de chinelos porque tinha acabado de sair da clínica. Devem ter caído no meio da confusão", conta.

Terezinha diz que o marido ainda não quer falar sobre o episódio. "Ele está muito impaciente, é uma pessoa bastante ativa e quer ir embora do hospital de qualquer jeito."

Ela conta que o casal não acompanhou a prisão do ex-presidente Lula no sábado (7). "Não tivemos mais cabeça. Nem assistimos mais televisão, fiquei sabendo por um áudio da minha irmã no WhatsApp que parecia Réveillon em Curitiba quando ele foi preso."

Segundo ela, o marido não é de se envolver em discussões políticas, mas, "assim como todo mundo, está indignado com o que está acontecendo."

O casal ainda não constituiu advogado para tratar do caso, mas defende a punição dos agressores. "Estamos em um momento político de mudar a impunidade, mudar a corrupção. Tinha que ter mais policiais nessas manifestações. Se tivesse ao menos um, nada disso teria acontecido", diz Terezinha.

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