Descrição de chapéu

Ônus da presença de Aécio cai duplamente no colo de Alckmin

Apenas suspensão de senador ajudaria a sigla, que é presidida pelo pré-candidato ao Planalto

Igor Gielow
São Paulo

A única saída para o PSDB minimizar o impacto da transformação de seu presidenciável de 2014 em réu por corrupção passiva seria o desligamento do senador Aécio Neves do partido pelo menos até o fim do processo.

Aécio Neves, do PSDB-MG, chega ao Senado na véspera da aceitação da denúncia pelo Supremo
Aécio Neves, do PSDB-MG, chega ao Senado na véspera da aceitação da denúncia pelo Supremo - Pedro Ladeira - 16.abr.2018/Folhapress

Como a chance de isso ocorrer é além de remota, restará ao partido uma tentativa de redução de danos que poucos membros da cúpula consideram viável a essa altura do campeonato. Mesmo que o Supremo o livrasse, o partido teria de lidar com a acusação de favorecimento, que já o atingiu quando as suspeitas sobre Geraldo Alckmin foram tiradas da mira da Lava Jato e entregues à Justiça Eleitoral.

Para complicar, a bola cai duplamente no pé de Alckmin. Além de ser o presidenciável tucano da vez, o ex-governador paulista preside o PSDB. Logo, a cobrança pela posição da sigla em relação à sua enrolada ex-estrela será feita tanto ao pré-candidato quanto ao líder nacional da legenda.

Alckmin assumiu o PSDB, que estava fortemente dividido devido ao apoio ao governo Michel Temer (MDB) comandado por Aécio, no fim do ano passado. A questão evaporou com o tempo e as dificuldades do senador mineiro, mas as fissuras e acusações permanecem.

O tucano também poderia aproveitar a estrutura do partido para ajudar montar sua pré-campanha, mas até aqui, passados mais de dez dias de sua desincompatibilização, Alckmin ainda está arrumando as gavetas do seu espartano escritório político. Decisões centrais sobre coordenação política estrutura prática estão no ar, deixando seus auxiliares mais próximos algo perplexos.

Aliados de Aécio insistem em que ele entre em processo de submersão, o que vinha resistindo a fazer. Réu, talvez isso seja inevitável. A pressão já vinha de casa, Minas, onde uma das condições para que seu aliado Antonio  Anastasia topasse ser pré-candidato ao governo do estado foi justamente a dissociação de Aécio da chapa majoritária.

Assim, o caminho de Aécio dos 51 milhões de votos do segundo turno presidencial há quase quatro anos parece cada dia mais ser uma candidatura à Câmara dos Deputados, que lhe garante continuar ser réu no Supremo —e não em uma temida primeira instância.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.