Plataforma mapeia as ligações entre investigados na operação

Site analisa redes de crimes transnacionais como os da Lava Jato

Géssica Brandino
São Paulo

Uma rede composta por conexões que ligam o Brasil a países como Estados Unidos, Panamá, Angola e Hong Kong por meio de transações financeiras identificadas pela Lava Jato pode ser analisada com uma ferramenta online.

Desenvolvida pela Fundação Vortex, da Colômbia, em parceria com o Instituto Humanitas360, a plataforma Vortex analisa redes de crimes transnacionais, entre eles a Lava Jato.

Construída com base em milhares de páginas de 140 documentos de 42 das 50 fases da operação —parte deles compilada pela Lava Jota, projeto do site Jota em parceria com a Transparência Internacional, a base identifica 934 pessoas e empresas e estabelece 2.777 interações.

À medida que novos documentos forem disponibilizados, as informações serão incorporadas à base.

Mostrar a complexidade transnacional da investigação foi o que motivou a criação da ferramenta, segundo o presidente da Vortex, Eduardo Salcedo.

Ele explica que só possível compreender o funcionamento das redes de corrupção por meio da análise das estruturas em conjunto. “É preciso entender que a macrocorrupção só é possível porque estruturas legais participam desse sistema”, afirma.

O menu da plataforma está em inglês. Ao selecionar a Lava Jato, vários fluxos em verde mostram o dinheiro de corrupção movimentado no mundo. A opção “visualizar gráfico” (“view graph”) leva o usuário para outra interface, com uma rede repleta de nós, identificando conexões entre pessoas e empresas.

Ao clicar sobre o nome de um agente, surge um gráfico com as relações daquela pessoa ou empresa.

Uma tabela lista as 2.777 interações e o trecho da investigação que estabelece a conexão entre os agentes —sem identificar, porém, a fase da operação em que foi obtida cada informação.

A base não tem ferramenta de busca, permitindo apenas acesso visual aos dados. O recurso está disponível em outra interface, desenvolvida exclusivamente para jornalistas e operadores do direito.

A plataforma Vortex tem sido usada por procuradores da Guatemala, ajudando na identificação de conexões. Segundo Salcedo, existem diálogos com instituições brasileiras para uso da ferramenta.

A perspectiva é que novas bases de operações sobre casos de macrocorrupção possam ser agregados à plataforma, como a Operação Carne Fraca. “É importante entender como os setores se colocam em acordo para favorecer empresas e apoiar partidos, a engrenagem que é estabelecida”, diz Salcedo.

O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba - Reprodução

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