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Presidente da Andrade Gutierrez critica políticos do Rio

Entre políticos classificados como muito ruins estão Crivella, Pezão, Marcelo Freixo e Flavio Bolsonaro

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Brasília

Presidente do Grupo Andrade Gutierrez, empresa que confessou ter participado do esquema de desvios de recursos do Rio de Janeiro, o executivo Ricardo Sena fez, numa conversa informal presenciada pela Folha, avaliação negativa sobre os políticos do estado.

"Rio de Janeiro não tem chance. Crivella, Romário e Lindbergh", afirmou, referindo-se ao prefeito Marcelo Crivella (PRB) e aos senadores Romário (Podemos) e Lindbergh Farias (PT).

Na tarde de segunda (23), Sena aguardava com dois advogados da Andrade uma audiência com o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro. O diálogo acompanhado pela Folha se deu na sala de espera do gabinete.

O presidente da Andrade e os dois auxiliares listaram os principais pleiteantes a cargos majoritários no Rio, do passado e do presente. Da direita para a esquerda, elencaram o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), Crivella, o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), todos foram classificados pelos presentes como "muito ruins".

Sena revelou sua preferência pela administração de Sérgio Cabral (MDB), preso desde novembro de 2016 sob a acusação de corrupção no Palácio da Guanabara. "Rio de Janeiro, o melhor governador que teve nos últimos 30 anos é o Sérgio [Cabral]. E fez essa merda que fez", emendou.

Em meio a risos, o grupo rememorou a cena do ex-governador Anthony Garotinho (PR) esperneando na maca ao ser transferido de um hospital quando preso por suspeita de usar programas sociais para compra de votos.

Mergulhado numa aguda crise econômica e política, agravada por esquemas de corrupção, o Rio afundou, segundo investigadores, com a participação da própria Andrade, cujos delatores admitiram pagamento de propina na gestão de Cabral.

O Ministério Público Federal, em denúncia já oferecida, sustenta que a empreiteira foi parceira do ex-governador na sangria dos cofres do Rio. Aponta suborno a ele e a integrantes de sua gestão em obras como a reforma do Maracanã, a urbanização de favelas, a terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e a construção do Arco Metropolitano.

Uma investigação recente apura se a empresa omitiu em suas colaborações propinas ao ex-secretário municipal de Obras da Prefeitura do Rio Alexandre Pinto, entre 2013 e 2014, na gestão do então prefeito Eduardo Paes (DEM-RJ), agora cotado para disputar a cadeira de governador. 

"É um imbecil completo", resumiu Sena, ao citar encontro com o ex-prefeito. Ele o descreveu como uma pessoa que "dá aulas para Jesus de manhã e para Deus na parte da tarde". Procurado, Paes disse não se lembrar da suposta conversa.

Sena visitava o TCU para se inteirar do processo sobre a leniência da empreiteira, fiscalizado pela corte.
A assessoria da Andrade disse, em nota, que se tratou de "um mero bate-papo informal em uma sala de espera, que retrata apenas fragmentos ou sugestões de ideias sem qualquer presunção de formar opinião sobre qualquer um dos assuntos referidos".

"O suposto teor da gravação [feita pela Folha] estaria restrito a opiniões pessoais e não conclusivas que não reflete o posicionamento da companhia, nem sequer fala em nome de seus acionistas."

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