Quanto tempo leva para redesenhar um jornal?

Novo projeto gráfico da Folha foi um desafios que moveu dezenas de profissionais por dois anos

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São Paulo

Dois anos, no caso da Folha. Tanto tempo só para trocar letra? Quem dera fosse apenas isso. Modificar o aspecto visual de um jornal, impresso ou digital, requer estudo. É preciso entender como o leitor consome o produto, como ele deve ser apresentado e como será produzido.

Fechamento da primeira edição da Folha de S.Paulo com o novo projeto gráfico - Gabriel Cabral/Folhapress

O novo projeto deixa a Folha com a mesma identidade em todas as suas plataformas, passo que parece óbvio, mas embute enormes desafios. Afinal, se a ideia é o texto da reportagem carregar rápido na tela do celular, no impresso, é envolver e reter o leitor no assunto. A saída então é fazer dois produtos? Não, é fazer um que atenda as necessidades de qualquer modo de publicação com qualidade.

Exemplo disso é a Folha ter se tornado mais acessível. Textos sobre fundos coloridos e fotografias foram abolidos, já que intransponíveis por pessoas com deficiência visual. “Ganhamos também com a nova tipologia. A letra ocupa o mesmo espaço da versão anterior e parece maior”, conta Márcio Freitas, um dos designers à frente da reforma.

E como decidir tudo isso sem mostrar antes ao leitor? Mostrando ao leitor. Desde meados de 2017 vários mecanismos de edição, cores e tipografias foram sendo testados no impresso sem que os leitores percebessem. Para a equipe do projeto, algo como trocar a peça do avião em pleno voo. Sem solavancos.

Na última quinta (19), dia do primeiro fechamento sob o novo desenho, a editoria de Imagem abasteceu a Redação com cookies como os da foto. Traziam a resposta preferida dos jornalistas a uma das perguntas mais frequentes na Folha, “Temos?”, invariavelmente feita pelo editor-executivo, Sérgio Dávila, sobre assuntos vistos na concorrência. “Temos e melhor.”

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