Alckmin nega querer tirar gasto mínimo social da Constituição

A proposta foi feita pelo coordenador do programa econômico do tucano Pérsio Arida

Italo Nogueira
Rio de Janeiro

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência, negou que queira retirar da Constituição artigos que preveem gasto mínimo em áreas sociais como saúde e educação.

A proposta foi feita pelo coordenador do programa econômico do tucano Pérsio Arida em entrevista à FolhaO ex-governador defendeu a retirada de itens da Carta Magna que se referem a gestão e tributos, mas negou em relação a gastos.

“Não precisa tirar o percentual [mínimo de gasto], o que precisa tirar é gestão. Matérias tributárias”, disse o tucano, após encontro com aliados em Mesquita, na Baixada Fluminense.

O presidenciável negou ainda que Arida tenha sugerido reduzir os gastos sociais. 

“Ele não propôs reduzir nada, porque nem tem como reduzir. O que ele propôs foi o seguinte: os princípios e os direitos da Constituição, você não mexe. O que for gestão, o que puder ser por lei complementar. Vivemos num mundo muito rápido, o que caracteriza nosso tempo é a rapidez das mudanças. A Constituição está muito detalhista, longa”, afirmou.

Na entrevista, Arida declarou: “O mundo é dinâmico, e não dá para administrar gastos e tributos se precisar mexer na Constituição para fazer isso. Tem que ter flexibilidade.”

Questionado se significaria o fim do vínculo de determinadas receitas a gastos com saúde e educação, afirmou: “Não quero dar detalhes. O sistema tributário e a destinação obrigatória de receitas para gastos em algumas áreas são dois exemplos. Mas eliminar vinculações não é o mesmo que deixar de gastar.”

O tucano afirmou em seu discurso que tem como meta dobrar a renda do brasileiro. Defendeu ainda um “Estado eficiente”, em contraposição ao Estado mínimo.

“Os que defendem o liberalismo: ‘O mal de tudo é o estado. Se tirar o estado, resolveu tudo’. O Estado precisa ser eficiente. Se tirar, vai para a incivilidade. O grande come o pequeno. O forte bate no fraco”, declarou o tucano.

Ele voltou a dizer que conversou com o presidente Michel Temer na semana passada, mas não comentou uma eventual aliança com o emedebista.

“Acho que as coisas só vão se definir em julho”, disse o tucano.

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