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campanha eleitoral São Paulo - Estado

Alckmin tenta se livrar do peso de Azeredo, mas estrago está feito

Maré de azar de tucano é tão grande que o ex-governador chegou às manchetes em dia de sabatina

Igor Gielow
São Paulo

Geraldo Alckmin está precisando de um banho de sal grosso, na improvável hipótese de acreditar nessas coisas.

O ex-governador e pré-candidato ao Planalto Geraldo Alckmin (PSDB) durante sabatina Folha/UOL/SBT
O ex-governador e pré-candidato ao Planalto Geraldo Alckmin (PSDB) durante sabatina Folha/UOL/SBT - Zanone Fraissat/Folhapress

Não bastasse a maré de más notícias rondando sua pré-campanha ao Planalto, o tucano ganhou de presente a prisão do ex-governador Eduardo Azeredo logo no dia em que poderia sair da defensiva ao ser sabatinado pela Folha, UOL e SBT.

Mas não. Foi obrigado a se posicionar sobre a ação da Justiça contra o mais graúdo correligionário já preso, no que agiu no modo reativo possível e cobrou ética dos tucanos.

A tentativa do PSDB de mostrar-se diferente do PT, para quem seus detentos são "guerreiros do povo brasileiro", é válida, mas esbarra na demora processual do caso Azeredo e na leniência que o partido teve com o caso do senador Aécio Neves (MG), que apenas se afastou da presidência da agremiação quando se viu envolvido no caso JBS.

Além disso, há o agravante já constatado em pesquisas qualitativas da pré-campanha: a prisão só reforça a imagem de que PSDB chafurda no mesmo chiqueiro ético frequentado por PT, MDB e afins.

Para piorar a vida de Alckmin, ele tem de operar na retranca. Precisa defender o cunhado acusado de receber dinheiro para suas campanhas e chamar delatores de empreiteiras de mentirosos. Eles podem de fato estar mentindo e Adhemar Ribeiro ser um santo, mas isso não muda a realidade política à sua porta.

Não deixa de ser uma ironia, sendo que Alckmin nunca foi da ala carbonária do partido que emergiu do pleito de 2014 pedindo cabeças a cada vazamento de depoimento —só para ela, Aécio à frente, se ver postado na guilhotina.

No ano passado, quando sua pré-campanha ainda estava no berço, pesquisas feitas por encomenda de seus estrategistas indicavam que o grande ativo do então governador de São Paulo era sua imagem de pessoa honesta e correta.

Isso está arranhado, por mais que as denúncias aqui sejam de gravidade discutível e que por ora o tucanato conte com o silêncio do suposto operador Paulo Preto. Não é exatamente um cenário promissor, dada a desconfiança com que Alckmin é tratado dentro do PSDB e entre potenciais aliados por sua anemia nas pesquisas eleitorais.

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