Equipe pressiona Alckmin a responder a acusações relacionadas à Lava Jato

Interlocutores cobram posicionamento mais claro de tucano e reforço em imagem de austero

Thais Bilenky
São Paulo

A equipe do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) o pressiona a se posicionar mais claramente em relação à Lava Jato, para responder a acusações e reforçar sua imagem de austeridade.

Uma reunião do núcleo de campanha foi convocada para discutir o tema nos próximos dias, depois de uma sequência de más notícias para o pré-candidato, a começar por seu desempenho nas pesquisas.

Levantamento CNT/MDA, divulgado no início da semana, mostrou que a intenção de voto no tucano piorou em todos os cenários estimulados e sua rejeição aumentou de 50,7% em março para 55,9%.

O resultado vem em momento em que o noticiário da Lava Jato não dá trégua a Alckmin. O tucano saiu da mira imediata da operação, quando o inquérito de que é alvo foi encaminhado para a Justiça Eleitoral. Os meandros do caso, entretanto, o mantiveram em destaque.

Conselheiros de Alckmin argumentam que suas respostas em tom institucional acabam prejudicando sua imagem. 

Em seu entorno, espera-se que o tucano dê, inclusive, argumentos para simpatizantes poderem defendê-lo e que suas tergiversações são insuficientes para frear o desgaste.

A equipe de campanha considera que é possível reverter o cenário, diferenciando claramente caixa dois de corrupção —o tucano é acusado de ter recebido recursos não declarados da Odebrecht para as suas campanhas de 2010 e 2014, o que ele nega.

Sustenta que o seu estilo de vida singelo e franciscano é a melhor resposta às acusações ou ilações que diz sofrer. Ele não teve ganhos de patrimônio, voltou a morar no mesmo apartamento da vida inteira depois que deixou o governo e não é dado a excessos.

De acordo com interlocutores, Alckmin se mostrou convencido da necessidade de se posicionar mais claramente. Estuda, agora, como o fará, se por meio de redes sociais, entrevistas, encontros presenciais ou todas as anteriores.

 

A reação é esboçada depois de o ex-governador paulista ter pedido para o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, examinar de quem era a competência da investigação sobre eventual improbidade no caso de suposto caixa dois, que acabou permanecendo no Ministério Público estadual.

Para a equipe do tucano, a exposição negativa reforça a associação de Alckmin a seu partido, o PSDB, cuja imagem sofre expressivo desgaste.

Um dos principais motivos hoje de turbulência na legenda são as acusações contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador de recursos ilícitos de caciques da legenda. Ele foi preso, depois solto e pode voltar para a cadeia.

O engenheiro foi nomeado diretor da Dersa no governo Alckmin e mantido na gestão José Serra (PSDB).
Também causou prejuízo à imagem do partido as acusações contra o senador Aécio Neves (MG), que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.