Especialistas apontam falta de investimento e de continuidade de políticas

Em livro, Jaime Pinky quer qualificar o debate eleitoral com soluções e diagnósticos de autoridades em áreas-chave

Diana Lott
São Paulo

Qualificar o debate eleitoral com soluções e diagnósticos apontados por especialistas em áreas-chave: esse foi o objetivo de Jaime Pinsky, historiador e professor titular da Unicamp, ao organizar o livro “Brasil: o futuro que queremos”, lançado na última terça-feira (22) em debate organizado na Casa do Saber pela editora Contexto com o apoio da Folha.

“Quero que os candidatos discutam esses textos”, disse Pinsky, que selecionou cada convidado de acordo com sua expertise em assuntos como educação, urbanismo e meio ambiente.

Segundo o organizador, a intenção era que o livro ficasse pronto antes das campanhas eleitorais deste ano, e, por isso, os autores tiveram cerca de duas semanas para enviar seus textos.

Para Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e autor do capítulo sobre saúde, são os interesses políticos que atrapalham o desempenho do país nessa área. 

“A saúde se sustenta por causa do corpo técnico, que é excelente. Porque se for depender dos ministros…”, afirmou.

Ele destacou a redução dos recursos nos últimos anos, principalmente no nível municipal, o que agrava o problema do acesso à saúde.

A falta de investimentos também é um obstáculo no campo da ciência e tecnologia, de acordo com Glauco Arbix, professor de sociologia USP e responsável pelo capítulo dedicado a esse tema.

Para ele, a interrupção dos investimentos nessa área é mais danosa do que em outras. “Quando você para de investir em estradas, pontes, portos, por um ou dois anos, depois você retoma. No caso de pesquisa e desenvolvimento, em dois anos, mudam a tecnologia, a metodologia, o saber”, afirmou.

Segundo Arbix, “perdemos o bonde” da microeletrônica, nos anos 70, e depois o da computação, por causa dessa inconstância nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. 

No caso da segurança pública, a descontinuidade de políticas, e não de investimentos, foi apontada como o maior problema por Eduardo Muylaert, advogado criminalista e ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

“Todos os governos têm um plano para a segurança pública e, em geral, eles são bons. Mas nenhum é executado”, disse.

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