Estatal do Piauí paga salário de R$ 12 mil a telefonista; TCE investiga

O valor é dez vezes maior que o vencimento pago, atualmente, a uma operadora de telemarketing no estado

Yala Sena
Teresina

A Agespisa, empresa de abastecimento de água e esgoto do Piauí, paga por mês salários que variam de R$ 8.000 a R$ 12,4 mil (brutos) a telefonistas.

A Agespisa, empresa de abastecimento de água e esgoto do Piauí
A Agespisa, empresa de abastecimento de água e esgoto do Piauí - Yala Sena/Folhapress

O valor é dez vezes maior que o vencimento pago, atualmente, a uma operadora de telemarketing no estado, que recebe em média R$ 1.200 mensais.

Devido aos altos salários na estatal piauiense, o Tribunal de Contas do Estado investiga se ocorre pagamentos indevidos na empresa.

Segundo documento apresentado ao TCE, a telefonista que recebe salário de R$ 12,4 mil trabalha na Agespisa (Água e Esgotos do Piauí S/A) há 35 anos e foi beneficiada com incorporações e gratificações quando da implantação do Plano de Cargos e Carreiras da empresa. 

A servidora, pelo documento, recebe de vencimento líquido R$ 6.700. Pela descrição seu salário base é de R$ 4.400.

A Agespisa é uma estatal de referência em altos salários no Piauí. De acordo com o Portal da Transparência, o maior vencimento pago na Agespisa é de R$ 40 mil a um engenheiro que foi admitido em agosto de 1972. 

O servidor ganha mais que um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) que tem salário de R$ 37,4 mil.

Os supersalários na estatal são pagos, na sua maioria, a ex-diretores ou ex-presidentes que ingressaram com ação na Justiça para manterem as gratificações e tiveram ganho de causa. 

A empresa tem hoje 1.104 funcionários efetivos, 1.003 terceirizados e 57 comissionados, com folha de pagamento de R$ 14,8 milhões. 

Relatório com os salários de profissionais da Agespisa, empresa de abastecimento de água e esgoto do Piauí
Relatório com os salários de profissionais da Agespisa, empresa de abastecimento de água e esgoto do Piauí - Yala Sena/Folhapress

Há cerca de três anos, os serviços de abastecimento de água e saneamento básico em Teresina foram transferidos para uma empresa privada que prevê investimento de R$ 1,7 bilhão. A licitação virou uma guerra judicial e foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF).

A reportagem tentou ouvir o presidente da Agespisa, Genival Sales, mas ele apenas encaminhou relatório de contracheques que confirmam os salários pagos as telefonistas. 

A assessoria de comunicação da Agespisa afirmou que a funcionária que recebe R$ 12,4 mil tem incorporações adquiridas ao longo dos 30 anos de serviço, que inclui resíduo de triênio, anuênio, adicional de transferência e outros benefícios.

O diretor da Unidade de Informação Estratégica do TCE do Piauí, Inaldo José de Oliveira, informou que na próxima semana concluirá a investigação sobre os supersalários na Agespisa. "Estamos analisando as incorporações, as vantagens individuais e se houve acumulações indevidas de salários", disse.

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