“Eu me dou o direito de ter uma independência diante disso”, disse à Folha a atriz Fernanda Montenegro sobre sua recusa em participar de uma campanha da Riachuelo. A decisão veio após saber da pré-candidatura à Presidência do empresário Flávio Rocha, então presidente da rede varejista, pelo PRB.

A atriz, 88, participaria ao lado da filha, Fernanda Torres, de uma campanha da rede para o Dia das Mães —por fim, foram substituídas por nomes como Ana Claudia Michels e Isabeli Fontana.

Segundo Fernanda Montenegro, ela e a filha não quiseram ligar seus nomes à campanha política de Rocha. “É uma coisa de um partido, é muito delicado. É engraçado, porque no nosso país nem se é ligado a uma ideologia, mas a um partido.”

Ela, contudo, não se diz contra a participação de artistas em campanhas políticas. “Cada um faça a participação que ele quiser, para quem quiser, dentro do que ele pretende para ele e para o país. Não estou fazendo campanha nem bloqueando. Quem sou eu para isso?”

“[O fato de eu me recusar] não quer dizer que eu não seja uma pessoa que atue. Posso não ser ativista, eu não estou a serviço de uma ideologia, de um partido. Mas, com a minha vida, com a minha profissão, sou uma atuante.”

Sobre as eleições presidenciais em outubro, diz não ter palpites. “A gente não chega a nenhuma conclusão, a nada. Parece que essa eleição vai ser feita daqui a 200 anos”, continua ela, que diz não mais participar dos pleitos. “Estou com quase 90 anos, não voto mais.”

Por meio de sua assessoria, Rocha disse lamentar a decisão das atrizes. "Reafirmo minha admiração e respeito pelo trabalho das atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. Apenas lamento que tenham colocado a política a frente da oportunidade de representarem a mulher brasileira", afirmou o pré-candidato do PRB.