A família Vieira Lima virou ré no STF (Supremo Tribunal Federal). Nesta terça-feira (8), os ministros da segunda turma decidiram que o deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) , seu irmão Geddel —ex-ministro de Michel Temer e aliado do presidente— e a mãe deles, Marluce, vão responder às acusações de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em setembro de 2017, a Polícia Federal descobriu um bunker com R$ 51 milhões em dinheiro escondido em um apartamento em Salvador (BA).
Os peritos encontraram fragmentos de digitais dos Vieira Lima. Desde então, Geddel está preso na Papuda, em Brasília.
Em dezembro, a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou a família e outras três pessoas, incluindo um ex-funcionário dos políticos, Job Ribeiro Brandão, o ex-assessor Gustavo Ferraz e um sócio de Geddel na empresa Cosbat, Luiz Fernando Costa Filho.
Job e Costa Filho também estão sendo processados no STF, sob as mesmas acusações. Já a denúncia contra Gustavo Ferraz foi rejeitada.
Em depoimento à Polícia Federal, Job disse que destruiu documentos a pedido dos peemedebistas. Brandão afirmou ainda que entregava parte de seu salário à família. Este fato está sendo investigado em outro inquérito que tramita no Supremo.
As acusações contra a família Vieira Lima foram recebidas na íntegra pelos cinco magistrados que compõem a segunda turma do STF.
Relator do caso, Edson Fachin votou por aceitar a denúncia contra os cinco réus e rejeitar a acusação contra Ferraz. Ele foi seguido pelos ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Para Gilmar Mendes, a parte relativa a Costa Filho também deveria ser rejeitada.
Por unanimidade, os ministros negaram pedido de liberdade feito pela defesa de Geddel.
BUNKER
A PF encontrou o bunker após uma denúncia anônima. Inicialmente, a polícia pensou que encontraria no local apenas documentos, mas achou malas e caixas com notas que somaram R$ 42,6 milhões e US$ 2,7 milhões (R$ 8,4 milhões).
O trabalho de contagem durou mais de 14 horas e sete máquinas foram utilizadas. A PF diz que é a maior apreensão de dinheiro em espécie da história.
Fragmentos de digitais do ex-ministro foram identificados em sacolas plásticas que envolviam o dinheiro. Também foram encontradas pistas que ligaram o dinheiro a Lúcio.
A operação, batizada de Tesouro Perdido, foi um desdobramento de outra investigação, a Cui Bono, que apura a atuação de Geddel e outras pessoas na manipulação de créditos e recursos realizada em duas áreas da Caixa Econômica Federal.
Geddel é acusado de ter recebido R$ 20 milhões de propina em troca de aprovação de empréstimos no banco ou de liberação de créditos do FI-FGTS para beneficiar empresas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.