Descrição de chapéu Eleições 2018

Joaquim Barbosa anuncia que não concorrerá à Presidência

Em mensagem no Twitter, ministro aposentado do STF diz que decisão tem caráter pessoal

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Joaquim Barbosa
O ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa em evento em Brasília - Pedro Ladeira-19.abr.18/Folhapress
Brasília

O ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa anunciou nesta terça-feira (8) que não disputará a eleição para a Presidência da República. 

Em mensagem publicada em sua página no Twitter, Barbosa diz que tomou a decisão por razões pessoais. "Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal", escreveu. 

Barbosa havia se filiado ao PSB na data limite para disputar eleições, em 7 de abril. À época, fez um tímido anúncio em sua conta do Facebook, disponível apenas para amigos.

Desde então, ele e a legenda vinham fazendo mistério sobre as reais pretensões da candidatura.

O ex-ministro, que ficou conhecido por ter sido relator do mensalão, apareceu em terceiro lugar no último Datafolha, com 8% a 10% das intenções de voto, a depender do cenário. Ele ficava atrás apenas do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e da ex-ministra Marina Silva (Rede).

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse ter recebido um telefonema de Barbosa no início da manhã comunicando a decisão.

“Ele agradeceu muito a receptividade do PSB, mas disse que havia refletido muito e que não ia ser”, afirmou Siqueira à Folha.

Segundo o presidente, Barbosa não alegou nenhuma razão específica para a decisão e afirmou que o ex-presidente do STF agiu dentro do que havia sido combinado.

Apesar de o partido agora ter que decidir o que vai fazer diante da ausência de um candidato, Siqueira afirmou que não pretende convocar uma reunião de emergência. “Temos tempo."

Na semana passada, Barbosa telefonou para amigos e familiares para perguntar a opinião deles sobre a candidatura. Segundo relatos, ele disse que tomaria uma decisão no final de semana, mas demonstrava sinais de que desistiria.

Para eles, três fatores pesaram na decisão: o receio de exposição de sua família, o seu problema de saúde e o receio de ser engolido pela estrutura partidária do PSB.

Segundo eles, o ministro se dizia incomodado com a possibilidade de ter de alterar as suas propostas para se adequar à sigla e que sua imagem fosse explorada de maneira indevida pela legenda.

Partido que habitou por anos a órbita do PT, o PSB tem enfrentado problemas na tentativa de alçar voo próprio na esfera nacional. Tendo rompido com o PT em 2013, lançou o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência, em 2014. Com sua morte em acidente aéreo em meio à campanha, a sigla se viu obrigada a seguir com a candidatura de Marina Silva, que estava filiada temporariamente por causa de problemas de criação de sua legenda, a Rede. Marina, que chegou a liderar as pesquisas, não passou para o segundo turno e ficou em terceiro.

Agora, com a desistência de Barbosa, ganhou força no PSB a possibilidade de um acordo com o PDT em torno do apoio à pré-candidatura de Ciro Gomes. "Nunca deixamos de conversar com o PSB e continuaremos a conversar. Só depende deles [um acordo]", disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Já para a pré-campanha do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a saída de Joaquim Barbosa da disputa reabre a possibilidade de diálogo do PSB com todos os partidos.

A avaliação é que Barbosa era a principal incógnita da eleição e o único nome de fora da política no jogo e, por isso, sua desistência altera o cenário.

Para um importante aliado de Maia, o DEM tem uma vantagem nessa aproximação que é a disputa pelo governo de São Paulo, já que o partido poderia apoiar a candidatura do governador Márcio França (PSB).

Questionado sobre quem ganha com a saída de Barbosa, Maia deixou em aberto.

“A indefinição”, limitou-se a dizer.

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