Márcio França troca comando da Sabesp

Jerson Kelman deixa a estatal e será substituído por Karla Bertocco, subsecretária de Governo

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São Paulo

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), trocou o comando na Sabesp, empresa responsável pelo saneamento básico no estado. O engenheiro Jerson Kelman deixa a presidência da companhia. Em sem lugar, assume Karla Bertocco, subsecretária de inovação da Secretaria de Governo.

Na sexta (4), o Governo encaminhou recomendação de França para que o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado, ligado à Secretaria da Fazenda, oriente o Conselho de Administração da Sabesp a eleger Bertocco à presidência da instituição. 

A informação foi publicada no site da Sabesp ainda na sexta (4), em notificação aos investidores. A companhia de saneamento é uma empresa de capital misto, mas controlada pelo estado.

A foto mostra o engenheiro Jerson Kelman, fotografado na sede da Sabesp, a companhia paulista de saneamento básico. Kelman deixará a presidência da instituição, que chefia desde 2015
O engenheiro Jerson Kelman, que deixa a presidência da Sabesp, em registro na sede da companhia paulista de saneamento - Eduardo Anizelli - 03.mar.2017/Folhapress

Kelman se pronunciará oficialmente sobre o assunto na próxima terça (8). Por ora, diz apenas entender que a mudança é natural, parte da troca de comando da administração estadual. 

Jerson Kelman, 70,  assumiu a presidência da Sabesp em janeiro de 2015, no ápice da crise hídrica que castigou São Paulo entre 2014 e 2016.


Kelman, que tem um extenso currículo acadêmico na área de engenharia hídrica, foi o primeiro presidente da ANA (Agência Nacional das Águas) e ex-presidente da Light assumiu o posto à convite do então recém-empossado secretário estadual de recursos hídricos Benedito Braga. 


À época, o governo Geraldo Alckmin que tinha se reeleito em 2014 sofria sérias críticas de especialistas sobre a falta de transparência na condução da crise hídrica paulista e a demora de Alckmin em tomar medidas anti-populares no início da crise, em 2014, que era ano eleitoral. Antes de assumir a Sabesp Kelman engrossou esse coro. 


Quando assumiu o posto, o professor da UFRJ, melhorou a forma como a empresa se comunicava com a população, assumindo a grande gravidade da crise e dizendo se preparar para o colapso do abastecimento de grande parte de São Paulo abastecida unicamente pelo conjunto de represas do sistema Cantareira. 


Kelman também deixou mais transparente e intensificou a redução de pressão com que a Sabesp distribuía água na cidade. A manobra largamente usada na crise tinha como objetivo reduzir as grandes perdas de água nas falhas das tubulações da companhia pela cidade. Mas como efeito colateral deixava milhares de casas sem abastecimento de água durante horas. Locais mais altos e periféricos sofreram mais. 


A manobra é citada pela Sabesp como uma das medidas que mais colaborou para a superação da crise hídrica em São Paulo, ao lado de obras e da economia da população.

Karla Bertocco é administradora de empresas e trabalhou na Agência Reguladora de Saneamento em Energia do Estado de São Paulo, responsável por fiscalizar as atividades da Sabesp. Na Secretaria de Governo, ocupou o cargo responsável por viabilizar negócios do governo com o setor privado.

Em 2017, Bertocco atuou nas negociações que levaram à aprovação da lei que permitiu a criação de uma holding de investidores da Sabesp, em que o estado transferiu  50,3% do que detinha na companhia para essa nova associação. 

A holding é uma sociedade controladora para atrair recursos para a companhia e, inicialmente, é gerida pelo estado. O governo pretende vender participações para captar recursos, mantendo a maioria das ações com direito a voto.

Kelman agora se preparava para consolidar a transformação da Sabesp nessa holding, ampliando o ramo de atuação da empresa. Ele estudava, por exemplo, uma possível exploração do serviço de destinação de lixo na grande São Paulo.

Desde que assumiu o Bandeirantes em abril, após a renúncia de Geraldo Alckmin (PSDB), França tem promovido mudanças no secretariado, priorizando nomes de sua confiança. O governador mexeu nas pastas da Agricultura, Comunicação Social, Planejamento e na Procuradoria-Geral.

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