Descrição de chapéu jornalismo polícia federal

Marun aciona PF contra blogueiro acusado por ofender sua honra

Jornalista afirma que baseou seu texto na delação feita por Lúcio Funaro

Rubens Valente
Brasília

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) recorreu à Polícia Federal para abrir um inquérito e provocar a intimação e o depoimento de um jornalista e blogueiro em Mato Grosso do Sul. 

Marun peticionou à PF em outubro, quando era deputado pelo PMDB-MS e integrava a tropa de Temer no Congresso.

Carlos Marun falando na bancada
O então deputado Carlos Marun durante reunião da CPMI da JBS - Pedro Ladeira - 29.nov.17/Folhapress

Edivaldo Bitencourt, 43, dono do blog O jacaré, teve que depor na Superintendência da PF em Campo Grande (MS) por ter divulgado um texto em seu blog que o ministro julgou ofensivo à sua honra.

Bitencourt, na profissão há 21 anos e formado em jornalismo pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), negou à PF que o texto seja ofensivo ou que tenha incorreções. 

Publicado sob o título “Cunha mantinha bancada mediante mesada e propina, mas Marun era fiel só por ‘amor’, diz delator”, o texto descreveu o depoimento do corretor Lúcio Funaro feito como parte de seu acordo de delação homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O blogueiro afirmou que todo dia posta reportagens sobre política regional e processos envolvendo crime organizado, e que baseou seu texto na delação feita por Funaro.

O advogado de Bitencourt, Vanderlei Porto, disse que “a evidente intenção” do então deputado foi “pressionar o jornalista no exercício de suas funções”.

O advogado de Marun fez a petição argumentando que o deputado foi vítima de crimes de “calúnia, injúria e difamação”. 

A Folha indagou ao ministro porque ele resolveu acionar a PF. Por meio de sua assessoria, Marun respondeu: “Além do dano moral, existem os crimes de calúnia, injúria e difamação. Fiz representação na Polícia Federal de MS por ser deputado federal e pensar que as circunstâncias desta nota mentirosa mereciam ser bem avaliadas, já que agrediam a minha atuação parlamentar”.

Em nota, a Superintendência da PF em Campo Grande disse que o inquérito busca “responder se o fato narrado poderia se configurar como crime e se teria sido praticado contra servidor público federal (equiparado) no exercício de suas funções”. 

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