Vestidos de forma exatamente igual, pai e filho caminham pelas ruas de Junqueiro, no Agreste alagoano.
A agenda é administrativa, mas traz uma cena que deve se repetir na campanha: pela primeira vez, Renan Calheiros, 62, e Renan Filho, 38, disputarão juntos uma eleição majoritária. O pai tentará se manter no Senado e o filho disputa a reeleição para o governo de Alagoas.
Assim como os Calheiros, políticos articulam chapas majoritárias em família em outros quatro estados, com parentes pré-candidatos ao governo e Senado. Em outros três estados, disputarão eleições majoritárias um filho e dois irmãos de pré-candidatos a Presidência.
Os dois filhos do ex-presidente José Sarney, 88, também vão dividir a chapa majoritária pela primeira vez.
Roseana (MDB), 64, tentará seu quinto mandato como governadora do Maranhão e terá seu irmão, Zequinha (PV), 60, concorrendo ao Senado. Deputado federal desde 1983, ele disputará um cargo majoritário pela primeira vez.
Ambos receberão o voto do pai, que transferiu o título para o Maranhão depois de 28 anos representando o Amapá.
A situação é semelhante no Pará e em Sergipe. Helder Barbalho (MDB), 38, concorrerá ao governo do Pará pela segunda vez. Mas agora deverá ter o pai, senador Jader Barbalho (MDB), 73, como companheiro de chapa.
Em Sergipe, o deputado Valadares Filho (PSB), 37, e o senador Valadares (PSB), 75, concorrem, respectivamente, ao governo e ao Senado.
Valadares diz que ele e o filho vão "para uma disputa de vida ou morte" já que, se perderem, a família ficará sem representante no Congresso.
Nos casos de Pará e Sergipe, contudo, os pais senadores cogitam deixar de disputar a reeleição em prol de alianças que beneficiem os filhos.
Jader Barbalho pode concorrer a deputado federal e abrir espaço para nomes como Mário Couto (PP), Zequinha Miranda (PSC) e Lúcio Vale (PR), pré-candidatos ao Senado. Já Valadares diz que concorre ao Senado ou nada: "Se precisar, volto para casa".
Em Alagoas, por outro lado, não há chance de Renan Calheiros abrir sua vaga na chapa para aliados: caberá a Renan Filho impulsionar a candidatura do pai, desgastado após ser alvo inquéritos e se tornar réu na operação Lava Jato.
Outra possível candidatura em família pode acontecer no Tocantins. Irajá Abreu (PSD), 35, pode ser candidato ao Senado em chapa encabeçada pela mãe, a senadora e pré-candidata ao governo Kátia Abreu (PDT), 62.
A possibilidade ganhará força se Kátia sair vencedora das eleições suplementares que acontecem em junho e disputar a reeleição em outubro –o governador Marcelo Miranda (MDB) foi cassado este ano pela Justiça Eleitoral.
Por fim, em São Paulo, a disputa não é entre parentes, mas quase. Eduardo Suplicy (PT), 76, e Marta Suplicy (MDB), 73, vão concorrer ao Senado em chapas adversárias. Para sorte dos filhos do antigo casal, são duas vagas em disputa.
Marta e Eduardo já disputaram eleições majoritárias juntos: foi em 1998, quando ela disputou o governo e ele, o Senado na mesma chapa, ambos pelo PT. Na época, ele foi eleito e ela quase chegou ao segundo turno.
Se para os Suplicys, estar em lados opostos é uma situação irremediável, o mesmo não se pode dizer dos irmãos paranaenses Alvaro Dias, 73, e Osmar Dias, 66.
Alvaro Dias é pré-candidato a presidente pelo Podemos e Osmar disputará o governo do Paraná pelo PDT, que tem Ciro Gomes como presidenciável. Entre o partido e a família, a saída de Osmar foi declarar neutralidade.
Na hora da urna, deve votar no irmão. E espera a recíproca: "Espero que ele me apoie. Afinal, fomos criados pelo mesmo papai e pela mesma mamãe".
O presidenciável Ciro Gomes, 60, terá um cabo eleitoral de dentro de casa no Ceará: seu irmão Cid Gomes, 55, é pré-candidato ao Senado.
No Rio, a união faz a força na família Bolsonaro. O deputado Jair, 63, será candidato a presidente, mas tentará eleger seus três rebentos para o Congresso. O filho mais velho, Flávio, 37, disputará o Senado.
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