Presos da Lava Jato no RJ se queixam de ratos em Bangu 8

Novo local para detidos no caso foi determinado pelo interventor general Walter Braga Neto

Italo Nogueira
Rio de Janeiro

Há uma semana presídio oficial da Operação Lava Jato no Rio, Bangu 8 tem sido alvo de queixas de réus e advogados. Há relatos sobre presença de insetos e ratos nas celas, além da precária estrutura do local.

O novo local para cumprimento de prisão dos investigados no caso foi determinado pelo interventor federal na segurança pública do Rio, general Walter Braga Neto.

A mudança faz parte de uma reorganização do sistema penitenciário do estado que motivou a movimentação de cerca de 5.400 presos.

Com a decisão, os presos da Lava Jato deixaram a cadeia pública José Frederico Marques, que ao longo de um ano acumulou relato de regalias e motivou a queda do ex-secretário de Administração Penitenciária Erir Ribeiro Filho.

Segundo o relato de presos e advogados, Bangu 8 está infestado de baratas, piolhos e ratos nas celas. Os advogados do empresário Arthur Pinheiro Machado e do ex-secretário nacional do PT Marcelo Sereno, presos na Operação Rizoma, chegaram a reclamar formalmente ao juiz Marcelo Bretas sobre "condições insalubres" do local.

"O investigado [Machado] relatou que a unidade encontra-se em graves condições de insalubridade, infestada por insetos variados e ratos, que transitam em abundância entre os detentos", escreveu o advogado Alexandre Lopes.

A maioria chegou ao local na semana passada. O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) está desde abril ali, assim como o ex-secretário de Obras Hudson Braga.

"O lugar é um safari de parasitas. A sala de advogados está repleta de casas de marimbondos. O complexo é todo infestado de toda sorte de parasitas", disse Rodrigo Roca, que defende Cabral.

Os advogados se queixam também do fato de apenas dois parlatórios estarem em funcionamento. Os defensores ficam por horas na fila até conseguirem entrar na unidade para falar com os clientes, em muitos casos sem sucesso, em razão do fim do horário de entrada.

A direção do presídio também não disponibilizou uma sala para encontro reservado com o cliente, o que costumava ocorrer em Benfica.

Esta não é a primeira vez que Cabral e outros presos da Lava Jato passam por Bangu 8. Entre novembro de 2016 e maio de 2017, todos ficaram na unidade, sem queixas do tipo. Na ocasião, houve relatos também de regalias no local.

As denúncias de regalias em Benfica, além de derrubarem o ex-secretário, motivou a transferência de Cabral para Curitiba. O ex-governador retornou ao estado em abril.

A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que Bangu 8 passou por limpeza e dedetização antes da transferência dos presos da Lava Jato. Disse ainda que outros parlatórios estão passando por reparos e que haverá no futuro sala reservada aos defensores.

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