PSOL não é antissemita nem contra existência de Israel, diz presidente do partido

Medeiros condenou o que chamou de atrocidades e violações constantes de direitos humanos contra a população palestina

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São Paulo

O historiador Juliano Medeiros, 34, presidente do PSOL, rebateu declaração de líder judeu Fernando Lottenberg, presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), de que o partido expressa antissemitismo ao considerar Israel um Estado genocida.

"Israel produz atrocidades e violações constantes de direitos humanos contra a população palestina, reconhecidos pelos organismos internacionais. Se damos a isso o nome de genocídio é uma questão que pode ser debatida, mas não achamos que essa caracterização esteja afrontando necessariamente a posição do PSOL, que de forma alguma é antissemita", disse.

A Secretaria de Relações Internacionais do PSOL emitiu nota, em abril, condenando "mais um banho de sangue patrocinado pelo Estado genocida de Israel e seu carniceiro-mor Benjamin Netanyahu", o primeiro-ministro do país.

Era uma referência a um confronto na Faixa de Gaza, que deixou 16 palestinos mortos e mais de 1.400 feridos. 

Para Lottenberg, "além de profundamente injusta e equivocada, a nota é uma expressão contemporânea do antissemitismo".

Advogado Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib)
Advogado Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib) - Avener Prado - 5.abr.18/Folhapress

A nota fez com que a Federação Israelita do Rio pedisse a desfiliação de judeus do partido.

Medeiros afirmou que o PSOL não é de maneira alguma contra a existência do Estado de Israel. "Rechaçamos fortemente a ideia de antissemitismo, é uma acusação gravíssima, que deve inclusive ser acompanhada de medidas legais para quem for assumidamente antissemita, ou racista, o que seja".

"Por outro lado, o PSOL tem uma posição muito clara em defesa do povo palestino naquilo que diz respeito a seus direitos fundamentais: direitos iguais para palestinos árabes e judeus dentro do Estado de Israel, direito de retorno aos palestinos que foram expulsos das suas terras e fim da ocupação militar ilegal praticada pelo Estado de Israel contra os acordos de 1948", complementou.

O partido apoia o BDS, movimento que prega o boicote a Israel. Para o presidente, "é uma forma pacífica de questionar empresas que operam em territórios ocupados".

Medeiros vê uso eleitoral da questão para tentar colocar a comunidade judaica contra o PSOL, "o que é inadmissível, porque a comunidade tem todo o nosso respeito. Os judeus têm toda a liberdade para estar no PSOL e defender suas posições nos marcos das nossas resoluções partidárias".

O psolista vê a aproximação do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) com setores conservadores da comunidade judaica e de outros segmentos da sociedade brasileira com reservas.

"Bolsonaro tem se caracterizado por um oportunismo eleitoral gritante e isso se expressa nesse tipo de manifestação populista. Tenho muito pouca convicção de que ele minimamente entenda o que se passa no conflito entre Israel e Palestina."

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