Sem Maia e Eunício, Temer faz evento para comemorar dois anos de governo

Ele elogiou a melhora de indicadores econômicos, exaltou programas sociais e defendeu a aproximação entre os Poderes

Brasília

Com ausências de lideranças do Congresso e de representantes de partidos aliados, o presidente Michel Temer promoveu evento nesta terça-feira (15) em comemoração aos seus dois anos à frente do Palácio do Planalto

"Fomos responsáveis por tirar o Brasil do vermelho e colocar o país no rumo certo. Não são palavras apenas, os fatos comprovam", disse Temer, ao destacar dados como a redução da taxa de juros de 14,25% para 6,5% ao ano e da inflação, do patamar de 10% para perto de 3%.

Temer foi o único a falar. Durante uma hora, elogiou a melhora de indicadores econômicos, exaltou programas sociais e defendeu a aproximação entre os Poderes.

"Eu quero deixar uma mensagem institucional à nação. Todos sabem que eu trabalhei para a pacificação de todas as correntes do país", disse.

No longo discurso, os ministros presentes demonstraram sinais de falta de interesse. Além de engatarem conversas paralelas, mexiam nos celulares e faziam desenhos em blocos distribuídos para que anotassem trechos da fala presidencial.

Em menção rápida ao clima de acirramento político, Temer encerrou dizendo que tem como objetivo promover a pacificação na política. "Espero que logo depois das eleições as pessoas possam pensar nos problemas do país e não em quem ganhou ou perdeu eleição."

O emedebista disse que "brasileiros não podem ficar contra brasileiros" e defendeu a Constituição."Quem tem autoridade no pais é a lei. Nós somos autoridades constituídas."

Assim como fez em 2017, ele disse que o evento não foi feito para comemorar, mas sim para prestar contas.

A estrutura usada para o ato deste ano foi mais singela: em vez de arranjos de flores espalhados por todo o salão nobre do Planalto, como no ano passado, optou-se por uma mesa coberta por uma toalha branca, sem ornamentos. 

CONVIDADOS

Com a estratégia de se desvincular de Temer, cuja rejeição chega a 70%, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não incluiu o compromisso em sua agenda oficial e não compareceu.

Segundo sua assessoria de imprensa, ele não foi porque estava atendendo parlamentares em sua residência oficial, em Brasília. O ex-ministro da Educação Mendonça Filho, também do DEM, se ausentou.

O DEM tem tentado viabilizar com PP e PR uma nova candidatura de centro para rivalizar com PSDB e MDB. Para isso, a sigla tem ensaiado movimento de distanciamento do Palácio do Planalto.

Outra ausência sentida foi a do presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB-CE). Segundo sua assessoria de imprensa, ele avisou a Temer que não iria por conta de sessão do Congresso Nacional.

Já o PSDB, que busca o apoio eleitoral do MDB, marcou presença. Os dois ex-ministros da sigla, os deputados Antonio Imbassahy (BA) e Bruno Araújo (PE), fizeram questão de marcar presença e se sentaram à mesa principal.

Temer assumiu interinamente o cargo em 12 de maio de 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff foi afastada em meio ao impeachment. Em agosto, com a conclusão do processo, ele tornou-se o presidente efetivamente.

O BRASIL VOLTOU

Inicialmente, o Palácio do Planalto havia adotado o slogan "O Brasil voltou, 20 anos em 2". Uma polêmica, devido à dupla interpretação da frase em caso de omissão da vírgula, fez com que o texto fosse reduzido para apenas “Maio/2016 – Maio/2018: O Brasil Voltou”.

O slogan que falava em 20 anos em 2 era uma referência ao programa de governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek –50 anos em 5– que propunha uma política de governo desenvolvimentista.

O tema havia sido sugerido a Temer pelo marqueteiro do Planalto, Elsinho Mouco, mas acabou sendo retirado das peças.

No material entregue durante a cerimônia, foi usada também a palavra "Avançamos", grafada com o símbolo de "V de Vitória", também interpretado como uma referência aos dois anos.

Foi distribuída uma cartilha com um balanço da gestão do MDB na Presidência. O documento de 32 páginas apresentou parcialmente dados oficiais, mas ignora os escândalos de corrupção que envolvem o emedebista e aliados.

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