Temer facilita entrega do petróleo brasileiro, diz Marinho em sabatina

Pré-candidato ao governo paulista critica presidente, mas diz que Dilma exagerou no controle de preços

Luiz Marinho durante sabatina
Luiz Marinho durante sabatina - Carine Wallauer/UOL
Isabel Fleck
São Paulo

O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, disse nesta segunda (28) que o governo Dilma Rousseff “exagerou um pouco” na política de controle de preços do combustível, mas afirmou que os ajustes praticados no governo Temer se destinam a “facilitar a entrega” do petróleo brasileiro.

“O ajuste de preço [dos combustíveis] é uma política de amarrar no processo de dolarização para facilitar a entrega dessa riqueza natural”, disse Marinho durante sabatina promovida pela Folha, o UOL e o SBT.

Segundo o petista, a sociedade brasileira hoje é uma “grande vítima da consequência da política de preço praticada pela Petrobras”. 

“Qualquer acordo com os caminhoneiros sequer vai resolver o problema da sociedade brasileira porque é preciso mudar a lógica da política de preços praticada pela Petrobras”, disse.

Ele, no entanto, afirmou que “o governo da presidente Dilma exagerou um pouco” ao controlar os preços. “Era possível ter feito um pouco diferente do que aconteceu”, declarou.

Marinho afirma que é preciso encontrar o “meio do caminho”, porque hoje o governo obedece o “critério dos acionistas da Bolsa de Valores de Nova York”. “Vale o lucro dos acionistas lá fora."

Em entrevista a Daniela Lima, editora do Painel, da Folha, Carlos Nascimento, do SBT, e Diogo Pinheiro, do UOL, o pré-candidato petista disse acreditar que há locaute na paralisação dos caminhoneiros iniciada na última semana.

"Eu acho que teve participação das empresas, acho que teve locaute, além de greve, e locaute é proibido e tem que ser punido”, disse.

Questionado sobre o impacto da corrupção praticada na Petrobras durante os governos do PT, Marinho disse que “quem verdadeiramente praticou corrupção está livre leve e solto” e que a empresa “cresceu muito” no governo Lula.

Ele reforçou, inclusive, o discurso do partido de que há uma “verdadeira perseguição política” à sigla e ao ex-presidente Lula por parte da operação Lava Jato.

“Se tem alguém que aprontou, que responda. Mas é muito claro que se você olhar a lógica do financiamento de campanha, o PT praticou a mesma que todos praticaram. Para ter os tesoureiros do PT presos teria que prender os tesoureiros de todos os partidos.”

Marinho, ex-ministro de Lula e ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP), disse ainda que o PT só desistiria da candidatura do ex-presidente se fosse composto por “um bando de covardes”.

“O PT tem uma decisão oficial claríssima: o candidato do PT chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. A candidatura de Lula é intocável no PT”, afirmou.

FUNDO DO POÇO

Quarto nas pesquisas de intenção de voto no estado, o petista disse que 2018 é uma eleição completamente diferente da de 2016, quando seu partido chegou ao “fundo do poço” em São Paulo.

“Em 2016, nós chegamos em preferência partidária a 6% na capital, nós caímos lá no fundo do poço, e estamos em franca recuperação. Hoje estamos com 20% na capital de preferência partidária”, disse. Em 2016, o PT encolheu em representação nas prefeituras em todo o país.

Marinho afirma, inclusive, que o fato de não ter conseguido reeleger seu sucessor na Prefeitura de São Bernardo do Campo em 2016 se deve à situação conjuntural pela qual passava o país naquele momento. 

Segundo ele, havia uma “situação emotiva criada na sociedade contra” o PT, e que a ex-presidente Dilma tinha virado “um parâmetro de avaliação negativa” em São Paulo.

Segundo Marinho, a campanha eleitoral de 2018 não só vai fazer com que ele fique mais conhecido como vai revelar as fragilidades de seus concorrentes.

DENÚNCIAS

Questionado sobre a acusação feita pelo ex-diretor da Odebrecht Alexandrino de Alencar, em delação, de que ele teria recebido R$ 450 mil de caixa dois da empreiteira na campanha de sua reeleição em São Bernardo em 2012, Marinho disse não passar de uma “verdadeira invenção”.

“Se o empresário fez alguma irregularidade para fazer doação, ele que responda. Se um cidadão chega para você e fala que vai doar para a sua campanha e doa, se ele roubou de alguém, a culpa é minha?”, disse.

O petista também foi questionado sobre a acusação de fraude e corrupção na licitação e construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo, pela qual Marinho é réu.

“Eu desafio o Ministério Público, a Polícia Federal, o Judiciário a acelerar o julgamento para poder comprovar a minha inocência”, disse.

Sobre sua escolha para compor a chapa, o petista disse desejar ter uma vice “mulher, jovem e negra”. Segundo ele, a escolha da sigla dependerá dos acordos de composição partidária.

​Marinho foi o primeiro entre os postulantes ao governo paulista a ser sabatinado. O governador Márcio França (PSB) será entrevistado no dia 30, e o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), em 6 de junho. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB), confirmou presença no dia 8.

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