Em votação interna, MDB decide lançar candidatura própria em Minas Gerais

Alguns parlamentares, porém, não descartam a manutenção da aliança com o PT

Carolina Linhares
Belo Horizonte

O MDB de Minas Gerais decidiu em votação interna nesta terça-feira (1º) que lançará candidatura própria ao governo do estado. Foram 353 votos a favor e 12 votos contra o lançamento de nomes emedebistas para os cargos majoritários.

A tese da candidatura própria é defendida pelo presidente do partido em Minas, o vice-governador Antônio Andrade (MDB), que se colocou como pré-candidato ao governo.

Rompido com o governador Fernando Pimentel (PT), ele afirmou que a aliança com o PT na última eleição foi um erro. "Se eu for candidato, eu não quero nem o apoio do PT", afirmou.

Andrade criticou a gestão Pimentel e disse que foi expulso do governo por não concordar com a retenção de verbas para os prefeitos e com o parcelamento do salário de servidores. “Eu falava isso no governo, e eles acharam melhor me botar pra fora”, discursou. Em fala à imprensa, disse que não havia ressentimento e que daria o troco em outubro, nas eleições.  

Ele sugeriu ainda que emedebistas deixem os cargos que ocupam na administração estadual. “Acho que o MDB deve se afastar politicamente do governo”, disse.

Antônio Andrade falando ao microfone
O vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade durante o encontro regional do MDB no estado - Neto Talmeli - 25.nov.2017/Folhapress

Outros nomes do partido, porém, não rejeitam ainda uma formação de chapa com os petistas. “Não descarto ninguém”, afirmou o deputado federal Saraiva Felipe (MDB-MG), sobre o apoio à reeleição de Pimentel.

Para o deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG), vai prevalecer a vontade da maioria pela candidatura própria, mas nada impede que o PT integre a chapa. “Todos os partidos são bem-vindos na nossa chapa. A política é muito dinâmica. [...] O MDB fez essa aliança [com PT] na eleição passada e uma aliança é automaticamente para as próximas eleições.”

Uma ala do MDB-MG, formada principalmente por deputados, dá sustentação ao governo Pimentel e defende o apoio a sua reeleição. A ausência da maior parte dos parlamentares foi notória no evento —compareceram dois de cinco deputados federais e dois de 13 estaduais.

“Talvez os deputados, na ansiedade de serem reeleitos, movidos pelos recursos e pelas emendas que têm, não absorveram a ideia de candidatura própria”, disse Andrade, admitindo a divisão. “Vamos unir o partido para depois buscar outras alianças. Não tem como fazer aliança com outros partidos se o MDB ainda está dividido.”

A avaliação desses parlamentares é a de que uma aliança com o PT garantiria mais cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia. No entanto, a possibilidade de que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) seja candidata ao senado por Minas diminuiu o espaço do MDB na chapa e azedou a composição.

O presidente da Assembleia, deputado estadual Adalclever Lopes (MDB), principal fiador da aliança com Pimentel, aceitou um pedido de impeachment contra o petista na última quinta (26). A Assembleia deve decidir nesta semana sobre o trâmite do processo.

Andrade evitou comentar o assunto. "Eu não conversei nenhuma palavra com nenhum deputado a respeito do impeachment", afirmou o vice.

O movimento foi visto como forma de barganhar e pressionar Pimentel, mas, com a votação desta terça, a opção do desembarque também ganha força. Além de Andrade, o próprio Adalclever e o deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG) foram lançados como pré-candidatos.

Segundo Andrade, Adalclever, que não estava presente, descartou uma aliança com o PT. Para o vice-governador, não há volta atrás na decisão de lançar um candidato próprio, pois “é a vontade das bases do partido”, e caberá punição a quem não endossar a decisão.

Em direção oposta, Saraiva Felipe avalia que tudo pode mudar. “O partido continua dividido. Hoje é uma reunião do partido. O que vale é a convenção de julho. Eu acho que até lá muita conversa vai rolar”, disse o deputado.

A chegada de Dilma, em sua opinião, apenas dificultou a aliança com o PT.  “O Pimentel vai ter que fazer mais esforço para ter essa aliança. Mas eu não acho que nada é definitivo até julho”.

O deputado estadual Iran Barbosa (MDB), porém, afirmou que a coligação se esgotou com a vinda da petista.

“O que matou a possibilidade da aliança foi ninguém do MDB ter sido consultado sobre a vinda dela. É esse o desrespeito”, disse. “A partir do momento em que se traz a Dilma para compor a chapa, eles colocaram o MDB numa posição em que só vai ter desgaste. A candidatura dela me coloca em campo oposto aos deputados federais do meu próprio partido que votaram pelo impeachment.”

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