A família do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) acionou emissários nos Estados Unidos para tentar uma aproximação com o presidente americano Donald Trump.
A expectativa é que aliados do pré-candidato pavimentem um caminho para que o próprio seja recebido pelo chefe da Casa Branca entre o primeiro e o segundo turnos da eleição, supondo que Bolsonaro estará no páreo.
Na tentativa de selar a aproximação, a campanha do ex-capitão apresentará uma pauta em tese em comum com o presidente americano: a crítica à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.
Admirador de Trump, Bolsonaro força uma associação entre ele e o americano, que era visto nos Estados Unidos como um outsider destemperado em cuja vitória o establishment jamais apostou.
Ainda que haja semelhanças, como a agenda conservadora e a comportamento bélico, a espinha dorsal das duas candidaturas é diferente.
O americano contou com a estrutura do Partido Republicano e financiamento vultoso. em sua campanha, em 2016.
O brasileiro, por sua vez, é filiado a um partido sem expressão nem acesso a recursos públicos relevantes e diz recusar grandes doações. Mesmo assim, Bolsonaro lidera pesquisas de intenção de voto em cenários sem Lula (PT).
Com frequência, Bolsonaro apoia medidas da gestão Trump. Na terça-feira (19), comemorou a decisão dos Estados Unidos de deixarem o "tendencioso e parcial", escreveu nas redes, Conselho de Direitos Humanos da ONU.
No dia anterior, republicara elogio que seu filho Carlos fez à Casa Branca por proibir compra de empresa americana por estatal chinesa.
"Seria Trump um estatista, não entende de economia, racista, misógino, homofóbico, eletricista, despreparado, maquinista ou apenas sabe o que está fazendo?", provocou Carlos Bolsonaro, fazendo paralelo com acusações que pesam contra o pai.
Aliados de Bolsonaro nos EUA começaram diálogos em três diferentes frentes.
Aproximam-se de funcionários de escalão intermediário no Departamento de Estado (o Ministério de Relações Exteriores americano).
Procuram formadores de opinião da mídia de direita.
Por fim, alimentam a relação com o Council on Foreign Relations, um influente centro de estudos que pode ajudar a abrir portas da Casa Branca.
Bolsonaro esteve pessoalmente no prestigioso "think tank" em outubro passado, em seu tour pelos EUA, entre conversas com investidores e encontros com brasileiros radicados naquele país.
Já naquela ocasião, ele disse que não chegou a procurar diretamente a Casa Branca, mas manifestou interesse em ser recebido por Trump. Aliados tentaram marcar com senadores republicanos como Ted Cruz (Texas) e Marco Rubio (Flórida), sem sucesso.
Em sua investida nos americanos, a campanha de Bolsonaro fala no suposto perigo que representaria a vitória de Ciro Gomes (PDT).
Na economia, o adversário é retratado como imprevisível. Nas relações exteriores, será explorada a sua visão sobre a Venezuela. O pedetista disse no Roda Viva (Cultura) que a maior parte da oposição a Maduro é "fascista, neonazista e entreguista" e que o chavismo "não se sustenta mais".
A campanha de Bolsonaro quer aproveitar a visita do vice-presidente americano, Mike Pence, ao Brasil em uma semana para abordá-lo sobre os refugiados venezuelanos.
O que diz Bolsonaro sobre Trump
"Os EUA acabam de deixar o tendencioso e parcial Conselho de Direitos Humanos da ONU
Bolsonaro nas redes sociais"
junho de 2018
"Parabéns, Donald Trump, por esta grande conquista em prol da liberdade e paz mundial!
Sobre encontro do americano com coreano Kim Jong-un"
junho de 2018
"Trump serve de exemplo para mim. Sei da distância minha para ele, mas pretendo me aproximar para o bem do Brasil e dos EUA. Serve para levar exemplos daqui para o Brasil"
Em passagem pelos EUA
outubro de 2017
"Parabéns ao povo dos EUA pela eleição de Trump. Vence aquele que lutou contra "tudo e todos". Em 2018, será o Brasil no mesmo caminho"
Após a eleição de Trump como presidente dos EUA
novembro de 2016
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