Descrição de chapéu Eleições 2018

Admirador de Trump, Bolsonaro tenta se aproximar da Casa Branca

Candidato pede para emissários abrirem portas para uma eventual visita ao presidente dos EUA

Thais Bilenky
São Paulo

​A família do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) acionou emissários nos Estados Unidos para tentar uma aproximação com o presidente americano Donald Trump.

A expectativa é que aliados do pré-candidato pavimentem um caminho para que o próprio seja recebido pelo chefe da Casa Branca entre o primeiro e o segundo turnos da eleição, supondo que Bolsonaro estará no páreo.

Na tentativa de selar a aproximação, a campanha do ex-capitão apresentará uma pauta em tese em comum com o presidente americano: a crítica à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela. 

Admirador de Trump, Bolsonaro força uma associação entre ele e o americano, que era visto nos Estados Unidos como um outsider destemperado em cuja vitória o establishment jamais apostou.

Ainda que haja semelhanças, como a agenda conservadora e a comportamento bélico, a espinha dorsal das duas candidaturas é diferente. 

O americano contou com a estrutura do Partido Republicano e financiamento vultoso. em sua campanha, em 2016.

O brasileiro, por sua vez, é filiado a um partido sem expressão nem acesso a recursos públicos relevantes e diz recusar grandes doações. Mesmo assim, Bolsonaro lidera pesquisas de intenção de voto em cenários sem Lula (PT).

Com frequência, Bolsonaro apoia medidas da gestão Trump. Na terça-feira (19), comemorou a decisão dos Estados Unidos de deixarem o "tendencioso e parcial", escreveu nas redes, Conselho de Direitos Humanos da ONU.

No dia anterior, republicara elogio que seu filho Carlos fez à Casa Branca por proibir compra de empresa americana por estatal chinesa. 

"Seria Trump um estatista, não entende de economia, racista, misógino, homofóbico, eletricista, despreparado, maquinista ou apenas sabe o que está fazendo?", provocou Carlos Bolsonaro, fazendo paralelo com acusações que pesam contra o pai.

Aliados de Bolsonaro nos EUA começaram diálogos em três diferentes frentes. 

Aproximam-se de funcionários de escalão intermediário no Departamento de Estado (o Ministério de Relações Exteriores americano). 

Procuram formadores de opinião da mídia de direita.

Por fim, alimentam a relação com o Council on Foreign Relations, um influente centro de estudos que pode ajudar a abrir portas da Casa Branca.

Bolsonaro esteve pessoalmente no prestigioso "think tank" em outubro passado, em seu tour pelos EUA, entre conversas com investidores e encontros com brasileiros radicados naquele país.

Já naquela ocasião, ele disse que não chegou a procurar diretamente a Casa Branca, mas manifestou interesse em ser recebido por Trump. Aliados tentaram marcar com senadores republicanos como Ted Cruz (Texas) e Marco Rubio (Flórida), sem sucesso.

Em sua investida nos americanos, a campanha de Bolsonaro fala no suposto perigo que representaria a vitória de Ciro Gomes (PDT). 

Na economia, o adversário é retratado como imprevisível. Nas relações exteriores, será explorada a sua visão sobre a Venezuela. O pedetista disse no Roda Viva (Cultura) que a maior parte da oposição a Maduro é "fascista, neonazista e entreguista" e que o chavismo "não se sustenta mais".

A campanha de Bolsonaro quer aproveitar a visita do vice-presidente americano, Mike Pence, ao Brasil em uma semana para abordá-lo sobre os refugiados venezuelanos.

O que diz Bolsonaro sobre Trump

"Os EUA acabam de deixar o tendencioso e parcial Conselho de Direitos Humanos da ONU
Bolsonaro nas redes sociais"

junho de 2018

"Parabéns, Donald Trump, por esta grande conquista em prol da liberdade e paz mundial!
Sobre encontro do americano com coreano Kim Jong-un"

junho de 2018

"Trump serve de exemplo para mim. Sei da distância minha para ele, mas pretendo me aproximar para o bem do Brasil e dos EUA. Serve para levar exemplos daqui para o Brasil"

Em passagem pelos EUA
outubro de 2017

"Parabéns ao povo dos EUA pela eleição de Trump. Vence aquele que lutou contra "tudo e todos". Em 2018, será o Brasil no mesmo caminho"

Após a eleição de Trump como presidente dos EUA
novembro de 2016

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.