Estacionado entre 6% e 7% nas pesquisas de intenção de voto, o tucano Geraldo Alckmin (SP) ensaia uma reação no plano político para demonstrar força a menos de quatro meses das eleições.
Nos últimos dias, o presidenciável dividiu tarefas entre aliados para acelerar a montagem de sua coligação, em um esforço que inclui legendas com pré-candidatos.
Ao contrário do que Alckmin diz em público, seus aliados investem nas tratativas com PRB, Solidariedade, Democratas e MDB, partidos que até agora mantiveram nomes na corrida presidencial.
A campanha tucana espera que PSD, PPS, PTB e PV anunciem apoio oficial em julho. O período de convenções partidárias começa em 20 de julho, mas só termina em 5 de agosto.
Além da costura política, Alckmin também planeja um evento para os primeiros dias de julho para mostrar que a candidatura está viva e atrair não apenas políticos de diferentes partidos como expoentes da sociedade civil, acadêmicos e artistas.
A ideia, segundo um auxiliar tucano, é estabelecer já no início de julho uma "carta aos brasileiros ao inverso", na qual o tucano assumiria as bandeiras propostas.
A intenção é provocar uma agenda positiva que o deixe menos refém da polarização com Jair Bolsonaro (PSL), identificado como seu principal adversário. Nas últimas semanas, o tucano trocou acusações públicas com o deputado federal como forma de se posicionar perante o eleitorado mais conservador.
Nesta segunda-feira (18), Alckmin se reuniu em seu escritório em São Paulo com o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e com os ex-presidentes do PSDB José Aníbal e Pimenta da Veiga para discutir estratégias de campanha. A ideia do movimento foi afinada assim como a partilha de tarefas.
No domingo (17), jantou em São Paulo com o presidente do PSD e ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, e com o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), com quem mantém uma relação de desconfiança.
Participantes do encontro disseram que o clima entre os dois foi de tranquilidade e que não se aprofundaram muito em estratégias.
No jantar na casa de Kassab, foi feita uma avaliação da situação em alguns estados. Coordenador político da campanha de Alckmin desde a semana passada, Perillo disse que, dos três maiores colégios eleitorais do país —SP, MG e RJ—, apenas o terceiro ainda não tem definição.
"Seria um desrespeito dizer que todo mundo já foi consultado, mas meu sentimento é que é uma maioria bastante expressiva [no PSD]. Não vai ter problema não", disse Kassab em relação à formalização da aliança com Alckmin.
O PSD tem uma pré-candidatura posta, a do presidente licenciado do Sebrae e ministro da Micro e Pequena Empresa do governo Dilma Rousseff, Guilherme Afif Domingos. Integrantes do partido, no entanto, consideram que este é um movimento isolado porque ele se colocou na disputa muito tardiamente.
"Tenho a impressão de que os sinais começam a ser mais positivos, mas, oficialmente, quem faz é a convenção", afirmou o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que ainda não marcou a data da convenção de sua legenda.
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