Alckmin nega desgaste com aliados do PSDB em agenda no Rio

Ex-governador evitou comentar o episódio em que perdeu a paciência em jantar

Lucas Vettorazzo
Rio de Janeiro

O pré-candidato à presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, negou nesta quarta-feira (6) que esteja em momento de desgaste com seus aliados dentro do partido. 

Em agenda no Rio para falar sobre segurança pública, o ex-governador evitou comentar o episódio que ocorreu na segunda (4) durante um jantar com aliados do partido em São Paulo. Na ocasião, perdeu a paciência com tucanos que criticaram a falta de coordenação nessa etapa da corrida eleitoral e a dificuldade do pré-candidato em deslanchar nas pesquisas. 

Ao final do evento, Alckmin negou que tenha se irritado com comentário, jogado um guardanapo na mesa e colocado o posto a disposição do partido durante o jantar. "Não tem nada disso, imagina", disse ele sobre o episódio. 

Alckmin se esquivou de ao menos outras duas perguntas de jornalistas sobre o tema. "Hoje o tema político é de política de segurança", disse ele, que apresentou bases para o plano de segurança de um possível governo. 

Alckmin atribuiu o mau desempenho nas pesquisas por conta de a campanha começar mais tarde neste ano. Enquanto em outras edições já era possível começar a campanha em julho, neste ano será em agosto. 

Uma das críticas que Alckmin ouviu no jantar foi sobre falta de coordenação estadual da campanha. Estaria havendo demora para formar palanques e alianças regionais. Por outro lado, Alckmin reclamou de corpo mole de aliados nos estados.

Alckmin foi questionado sobre como faria palanque no Rio, estado que é o terceiro maior colégio eleitoral do país e que o PSDB possui apenas um deputado federal e três deputados estaduais. "Estou querendo saber também", disse ele, revelando ainda a incipiente articulação local. Há a expectativa de que o PSDB faça uma aliança com o DEM no Rio. 

O pré-candidato listou compromissos da pré-campanha como forma de rebater críticas de que ele estaria com dificuldade de emplacar. "Agora é Rio com segurança, a noite sabatina no Correio Brasiliense. Amanhã estou no rio São Francisco, na Bahia, e depois em Salvador. Depois vou para o Espírito Santo, na feira do setor do granito. Aó vou ter que voltar para São Paulo porque senão minha mulher me larga", disse. 

Alckmin encontrou a imprensa em uma casa de eventos na Tijuca, zona norte do Rio. Metade do salão estava vazio. Cerca de dez jornalistas e outros 20 assessores estiveram presentes no evento. 

O pré-candidato apresentou as bases para seu programa de segurança. Ele disse que pretende criar uma Guarda Nacional, formada por jovens egressos do serviço militar obrigatório. A mesma medida, disse ele, poderia ser utilizada pelas polícias. 

Homens que deixarem o serviço militar poderiam engrossar as fileiras das polícias estaduais por dois a quatro anos. Também prometeu a criação de uma agência nacional de inteligência, que reuniria informações da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), das Forças Armadas, das polícias Federal e Rodoviária Federal e também das forças de segurança dos estados.

O ex-governador de São Paulo apresentou proposta que substituiria a redução da maioridade penal, debate levantado há cerca de dois anos no Brasil. Segundo ele, não seria mais necessário mudar a constituição para ampliar penas de menores infratores que tenham cometido crimes hediondos. 

A ideia seria ampliar de três para oito anos o limite de tempo que um menor possa ficar internado em instituições socioeducativas. Caso o interno complete 18 anos e ainda tenha pena a cumprir, ele seria transferido para uma unidade intermediária. "Ele não vai para o presídio de adulto, mas também não pode ficar junto das crianças e adolescentes", disse. 

O ex-governador elogiou os esforços da intervenção federal na segurança pública do Rio, mas afirmou que ela, por si só, não resolve todos os problemas. Geração de emprego, renda e oportunidade de trabalho, disse ele, são os maiores aliados no combate à violência. 

Ele não deu indicações de que possa ampliar o modelo da intervenção na segurança para outros estados. Na agenda no Rio está prevista uma visita ao general Walter Braga Netto, que comanda a intervenção federal no Rio. Alckmin pediu esforços para a elucidação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson, ocorrido em 14 de março. 

O pré-candidato elogiou a criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública e defendeu a construção de novas penitenciárias federais no país.

Alckmin disse ser contra políticas de descriminalização e legalização do consumo de maconha. "Eu sou contra porque ainda não está provado que houve melhora nos locais que liberaram a maconha, como Uruguai, Holanda, Portugal e alguns estados americanos", disse. 

O ex-governador voltou a dizer que é favorável a liberar o porte de arma para o cidadão no campo. "Na cidade não tem necessidade porque a pessoa liga para o 190 e tem uma viatura na porta de casa em pouco tempo", disse.

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