Descrição de chapéu Eleições 2018

Com Lula preso, cabe a mim não deixar o país descambar ao retrocesso, diz Ciro

Pré-candidato disse que não é possível haver agressões entre PDT e o PT

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Tiradentes

O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta sexta (15) que, com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caberá a ele liderar o campo progressista e impedir o avanço do que classifica como retrocesso e fascismo.

"Quando Lula, que é o maior líder popular do país, sofreu o que sofreu, a mim me toca agora, talvez, nesse campo progressista, a responsabilidade maior de não deixar o país descambar para o retrocesso", disse à imprensa.

Segundo Ciro, sua responsabilidade aumentou após a prisão de Lula. "O Brasil está ameaçado por uma recrudescência do fascismo, que é um fenômeno internacional. E nós os democratas temos que nos levantar e nos organizar e ajudar o povo brasileiro a se vacinar contra esse fenômeno."

Ciro Gomes falando com Márcio Lacerda
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) conversa com o pré-candidato ao governo de Minas Márcio Lacerda (PSB) em evento empresarial na cidade de Tiradentes (MG). O apoio do PSB é disputado pelo PDT e Lacerda é cotado como vice de Ciro - Carolina Linhares/Folhapress

Ao mencionar o fascismo, Ciro fez referência ao pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL). “Temos que brigar contra o fascismo e não contra Bolsonaro. Nós vamos enfrentá-lo não por ele, mas pela cadela no cio do fascismo que ele representa”, disse.

O pedetista participou, ao lado de outros pré-candidatos ao Planalto e também ao governo de Minas, de um evento empresarial realizado pelo Lide e pelo Grupo VB Comunicação em Tiradentes (MG). Ao discursar para uma platéia de cerca de 500 empreendedores e políticos, Ciro foi aplaudido pela crítica a Bolsonaro.

Segundo Ciro, o Brasil não deve aceitar que a cultura do ódio seja a resposta para os problemas. “Não vamos resolver os problemas com golpe de frase feita. Muito menos por essa tentação protofascista, moralista, falsa, que segrega brasileiros [...]. De quem, por exemplo, pesa o negro em arroba para desconsiderar sua humanidade. Estou falando do nosso adversário fascista que tem que ser denunciado”, disse sobre Bolsonaro.

Bolsonaro foi denunciado por racismo por ter dito, por exemplo, que visitou um quilombo e o “afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”.

Ciro também foi aplaudido ao defender, assim como outros pré-candidatos, o fim de privilégios a políticos e autoridades. Ele criticou juízes e procuradores, chamando-os de “donos da verdade” e “maior chibata moral da nação”.

Em seu discurso, Ciro fez uma análise histórica do desenvolvimento brasileiro. “Em 1950 o Brasil era um país que acreditava em si mesmo [...]. E agora frequenta as angústias de todos nós. [...] O que aconteceu com o Brasil devia ser a grande pergunta que a sociedade deveria exigir que nosso debate aclarasse.”

Ciro afirmou que o país está proibido de crescer devido ao alto endividamento de empresas e famílias e devido à crise fiscal. Ele defendeu contenção de despesas e uma reindustrialização.

LIDERANÇA

No mesmo momento em que lideranças petistas pregam que Lula é o único líder político com envergadura para tirar o país da crise e, portanto, deve participar da eleição, Ciro afirma que o país busca uma nova liderança e que está se preparando para isso.

Preso em Curitiba, Lula pediu aos petistas que façam pacto de não-agressão a Ciro. O pedetista afirmou que o pacto não é sequer necessário. "Não é necessário que a gente faça pacto e não é possível que a gente se agrida", disse.

"Isso não quer dizer que a gente vai conseguir controlar o exagero de um ou de outro. [...]  Eu tenho toda a paciência do mundo, compreendo o momento traumático que o PT está vivendo. Sinto dor no coração por tudo que está acontecendo com Lula", completou.

Ciro evitou responder que futuro prevê para o PT, mas, nos bastidores, afirma que é da natureza do partido disputar a eleição e que Lula exercerá influência de alguma forma. “Todas as vezes que eu fiz análise sobre o PT eu fui muito violentamente agredido por amigos e isso dói. Resolvi não fazer nenhum comentário sobre o PT, que tenha boa sorte.”

ALIANÇAS

Ciro desconversou ao ser questionado sobre alianças, dizendo que os partidos ainda não fizeram decisões sobre isso. “Tudo é especulação e, no meio da especulação, há muita fofoca ou intriga.”

Ele afirmou, porém, que busca um vice do Sudeste, ligado ao setor produtivo e à política, mas que essa escolha é da direção do PDT.

Ciro ainda elogiou o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), pré-candidato ao governo de Minas e também cotado como seu vice, numa possível aliança entre PSB e PDT. Lacerda participou do evento e conversou brevemente com Ciro, de quem é próximo.

“Lacerda é um velho e querido amigo, foi um grande prefeito. É de um partido que eu gostaria muito de ter na minha aliança”, disse. Lacerda, por sua vez, afirmou que a possibilidade de ser vice ainda é remota e que seu partido, dividido entre a aliança com o PDT e a neutralidade, não se juntaria ao PT se a decisão fosse tomada hoje.

Questionado sobre uma aliança com o DEM, Ciro afirmou que não pode atropelar um partido que tem um pré-candidato próprio ao Planalto, referindo-se ao presidente da Câmara Rodrigo Maia e o elogiando como “amigo” e filho de um “velhíssimo amigo” César Maia.

Ciro afirmou, contudo, que seu partido, o PDT, tem conversado bastante com Maia. Na última quarta (13), seu irmão Cid Gomes se encontrou com o presidente da Câmara.

“As conversas são naturais. O meu movimento de ganhar a eleição não pode ser contraditório com o dia seguinte”, disse o pré-candidato a respeito dos apoios partidários.

Ciro afirmou ainda que o problema dos partidos de centro não é fragmentação, mas a visão do povo sobre eles. “O povo vai repudiar as forças que fizeram um golpe e apoiaram na sequência um conjunto de agendas contra o povo, os pobres, os trabalhadores.”

Também participaram do evento os pré-candidatos ao Planalto Álvaro Dias (Podemos), Paulo Rabello de Castro (PSC), João Amoêdo (Novo), e os pré-candidatos ao governo de Minas Antonio Anastasia (PSDB), Rodrigo Pacheco (DEM) e Romeu Zema (Novo).

Todos os pré-candidatos ao Planalto e ao governo de Minas foram convidados para palestrar. Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) eram esperados, mas desmarcaram, assim como o governador e candidato à reeleição Fernando Pimentel (PT).

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