Em peça publicitária, governo federal erra ao falar sobre saúde e educação

Suplemento publicitário, com dados e informações sobre o governo federal, foi publicado na sexta (15)

Chico Marés
São Paulo | Agência Lupa

Na sexta-feira (15), o governo federal publicou uma peça publicitária, de oito páginas, intitulada “Brasil Avança em Todas as Direções” no jornal O Estado de S. Paulo. O documento traz uma série de dados positivos sobre a atual gestão. A Lupa checou alguns deles:

“Saúde (...) investe mais na Atenção Básica”
FALSO
 De acordo com os dados do Portal da Transparência, o valor repassado pelo governo federal à atenção básica em saúde vem caindo desde 2014. Naquele ano, foram gastos R$ 26,6 bilhões (em valores corrigidos pelo IPCA). Em 2015, o montante diminuiu para R$ 24,5 bilhões e se manteve em 2016. Em 2017, voltou a cair, chegando a R$ 23,7 bilhões. Dentro destes valores estão o Piso de Atenção Básica Fixo (PAB Fixo) e o Piso de Atenção Básica Variável (PAB Variável). O primeiro diz respeito a um valor fixo que deve ser repassado aos municípios de acordo com uma classificação que leva em conta, por exemplo, o tamanho da população e o PIB per capita de cada cidade. Já o PAB Variável é destinado a programas e estratégias específicas do governo federal na área de atenção básica. Esses valores também diminuíram. Em 2017, R$ 15,3 bilhões foram repassados aos estados e municípios nessas duas rubricas. De 2012 a 2015, o governo gastou mais do que isso em todos os anos (entre R$ 16,6 bilhões e R$ 19,7 bilhões). Procurado, o governo federal não respondeu.

“Depois de sete anos de congelamento, a União aumentou a verba destinada à alimentação escolar em 2017”
EXAGERADO
 O Portal da Transparência mostra que, em 2017, o governo federal gastou R$ 3,9 bilhões com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Considerando valores corrigidos pela inflação, esse montante é menor do que o transferido para o Pnae em seis dos sete anos anteriores. Entre 2010 e 2014, o gasto com esse programa oscilou entre R$ 4,4 bilhões e R$ 4,6 bilhões. Em 2015 e 2016, as transferências caíram para R$ 4,1 bilhões e 3,2 bilhões, respectivamente. Procurado, o governo federal não respondeu.

“As cinco maiores empresas controladas pela União [Banco do Brasil, BNDES, Caixa, Eletrobras e Petrobras] (...) em 2015 haviam registrado um prejuízo somado de R$ 32 bilhões”
EXAGERADO
 A soma do resultado financeiro das cinco empresas a que o governo se refere foi de R$ 22 bilhões —e não de R$ 32 bilhões— em 2015. Naquele ano, a Petrobras e a Eletrobras tiveram grande prejuízo líquido: R$ 34,8 bilhões e R$ 15 bilhões, respectivamente. Já BNDES, Caixa e Banco do Brasil registraram lucro: R$ 6,2 bilhões, R$ 14,4 bilhões e R$ 7,2 bilhões, respectivamente. Somados esses valores, chega-se a um total de R$ 22 bilhões negativos. Procurado, o governo federal não respondeu.

“[As cinco maiores empresas controladas pela União] Fecharam 2017 com um lucro somado de R$ 28,4 bilhões”
VERDADEIRO, MAS
 Em 2017, a soma dos resultados das cinco empresas citadas (Banco do Brasil, BNDES, Caixa, Eletrobras e Petrobras) chega a um valor próximo do afirmado pelo governo: R$ 27,7 bilhões. Mas vale destacar que duas delas tiveram prejuízo em 2017: a Petrobras (R$ 446 milhões) e a Eletrobras (R$ 1,7 bilhão). Tiveram lucro o BNDES (R$ 6,2 bilhões), a Caixa (R$ 12,5 bilhões) e o Banco do Brasil (R$ 11,1 bilhões).

“Passamos a ocupar o oitavo lugar entre as nações com maior capacidade instalada de energia eólica”
VERDADEIRO
 Segundo a última edição do relatório estatístico anual do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), publicado em 2017, o Brasil ultrapassou o Canadá e se tornou o oitavo país com a maior capacidade instalada para produção de energia eólica no planeta: 12.763 MW.

Verdadeiro A informação está comprovadamente correta.  Verdadeiro, mas A informação está correta, mas o leitor merece mais explicações.   Exagerado A informação está no caminho correto, mas houve exagero.   Falso A informação está comprovadamente incorreta.

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