Descrição de chapéu Eleições 2018

Falsa carta psicografada causa bate-boca na pré-campanha de Sergipe

A carta continha críticas ao ex-governador Jackson Barreto (MDB) atribuídas a governador morto

João Pedro Pitombo
Salvador

​Uma falsa carta psicografada atribuída ao governador Marcelo Déda (PT), morto em 2013, ganhou repercussão após ser compartilhada em redes sociais e agitou a sucessão eleitoral em Sergipe.

Em mais um episódio de notícias falsas na pré-campanha, a carta continha críticas ao ex-governador Jackson Barreto (MDB), que sucedeu Déda no cargo após sua morte e se reelegeu em 2014.

Déda morreu após complicações decorrentes de um câncer aos 53 anos. Ele cumpria seu segundo mandato como governador de Sergipe.

Marcelo Déda, governador de Sergipe morto em 2013 - Sergio Lima - 26.jan.2011/Folhapress

Além das críticas ao emedebista, a falsa carta orientava os petistas a não firmarem aliança com o grupo político de Barreto. Ainda sugeria ao ex-presidente Lula que não desistisse de disputar a eleição.

Em mensagens nas redes sociais, a psicografia da carta foi atribuída ao médium baiano Divaldo Franco, 91, que teria recebido a mensagem por meio do espírito Joanna de Angelis.

Franco é um dos médiuns mais conhecidos do país e mantém desde 1952 em Salvador uma entidade que acolhe crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

Ao saber da falsa mensagem, o medium gravou um vídeo no qual, "profundamente constrangido", negou a autenticidade da carta. "Nesses 70 anos de vida pública, tenho tido muito respeito à mediunidade. Não me tenho permitido levar o fenômeno mediúnico à praça das feiras pra divertimento dos frívolos", afirmou Franco.

A Federação Espírita de Sergipe também repudiou o uso do nome do médium para propagação da mensagem.

Principal alvo da falsa carta, Jackson Barreto entrou com uma ação na Justiça para tentar identificar seus autores. "Lamento profundamente que a campanha comece de forma tão baixa, atacando a memória do ex-governador Marcelo Déda para propagar mentiras", disse Barreto à Folha.

Ele acusa aliados do deputado federal André Moura (PSC), líder do governo Michel Temer no Congresso, de propagar a falsa carta. Moura e Barreto são pré-candidatos ao Senado em chapas opostas e vão se enfrentar nas urnas.

Um dos que compartilharam a falsa carta em grupos no aplicativo WhatsApp foi o jornalista e advogado Nubem Bonfim, ex-consultor e aliado político de Moura.

O deputado, por meio de sua assessoria, negou qualquer relação com o episódio e informou que o jornalista não faz parte de sua equipe de assessores. A Folha não conseguiu contato com Nubem Bonfim.
Em uma rede social, a viúva de Marcelo Déda, Eliane Aquino, repudiou o uso do nome do marido na propagação de notícias falsas. 

"Partiu de alguém que não tem o mínimo respeito pelos outros, que tem um coração seco", afirmou Eliane, que atualmente é vice-prefeita de Aracaju.

A falsa carta também foi criticada pelo presidente estadual do PT, Rogério Carvalho.

Ele reforçou o indicativo de manutenção da aliança do PT com o grupo de Jackson Barreto e apoio à reeleição do governador Belivaldo Chagas (PSD), que assumiu o governo neste ano com a renúncia do emedebista.

Belivaldo enfrentará nas urnas o senador Eduardo Amorim (PSDB) e o deputado federal Valadares Filho (PSB).

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