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Marina Silva apoia Manuela após Roda Viva e relembra crítica de Dilma

Presidenciável da Rede se solidarizou com adversária do PC do B por causa de interrupções em entrevista

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São Paulo e Belo Horizonte

Veio de uma de suas adversárias na corrida presidencial o mais recente apoio à pré-candidata Manuela D'Ávila (PC do B) após a série de interrupções que ela sofreu ao dar entrevista ao Roda Viva, programa da TV Cultura, na segunda-feira (25).

A ex-senadora Marina Silva (Rede) foi às redes sociais nesta quinta (28) se solidarizar com a oponente e dizer que vê o debate sobre "o direito ao respeito à fala" de Manuela "como muito saudável". As duas fazem parte, ao lado de Vera Lúcia (PSTU), de uma disputa que tem mais de 15 homens.

Para a líder da Rede, nem homem nem mulher "pode sofrer interrupção de suas falas no ato de expor suas propostas e ideias, pelo bem de uma cultura de paz e pelo bem do país".

Grupos feministas afirmam que a representante do PC do B, alvo de intervenções dos entrevistados ao menos 40 vezes durante a sabatina, foi alvo de machismo. O caso de Manuela foi atípico, se comparado ao de outros pré-candidatos, homens ou mulheres, sabatinados pelo programa nos últimos meses.

Marina, por exemplo, foi interrompida 3 vezes em sua mais recente ida ao Roda Viva, segundo levantamento da Folha.

A presidenciável da Rede escreveu que o episódio envolvendo Manuela "gerou indignação em homens e mulheres pela prática do que vem sendo chamado de manterrupting na linguagem de resistência que os movimentos femininos do mundo cunharam para denunciar a persistência desses comportamentos".

O termo em inglês, flexão de "man" (homem) e "interrupting" (interrompendo), é usado para apontar casos em que a fala de uma mulher é atravessada por declarações de um homem, geralmente com ar de superioridade.

Marina aproveitou o texto para relembrar uma crítica feita a ela por Dilma Rousseff (PT) durante a campanha presidencial de 2014, quando se enfrentavam.

"Quando fiz as mesmas reivindicações por civilidade e respeito, ouvi de minha colega Dilma Roussef [...] que, 'se a pessoa não quer ser pressionada, não quer ser criticada, não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República'", afirmou a ex-senadora.

A ex-presidente fez a afirmação, na época, ao comentar o fato de Marina ter chorado por causa de ataques do PT contra ela.

A ex-senadora se ressente ainda hoje das críticas feitas nos debates e propagandas. Novamente candidata, costuma falar que foram caluniosas e que a campanha petista inaugurou o uso de fake news em eleições.

Na postagem desta quinta, disse que atitudes rasteiras e bizarrices na relação entre os candidatos não podem se sobrepor ao debate político. Fez um apelo por um ambiente de calma, seriedade e com apresentação de propostas.

No caso de agora, do Roda Viva com Manuela, Dilma saiu em defesa da presidenciável do PC do B. Nesta quinta-feira, ao confirmar sua pré-candidatura para o Senado em Minas Gerais, a ex-presidente disse que o processo de seu impeachment envolveu uma campanha misógina e machista dos meios de comunicação.

"Eu não vou dar moleza para a imprensa, porque a imprensa pactuou com meu golpe. Hoje fingem que não participaram dele, mas não pensem que eu esqueci não. Eu sei a campanha misógina e machista que fizeram contra mim", disse a petista.

"Somos todos amigos, vocês [repórteres] são. Os donos dos jornais e dos órgãos para os quais vocês trabalham não são", afirmou.

A ex-presidente afirmou que não aceitaria "aquelas condições que impuseram" a Manuela. "E não admito que aquilo seja chamado de imprensa livre num país decente como o nosso."

Dilma já havia reclamado do que considerou uma agressão à presidenciável do PC do B. Na terça, em uma rede social, ela escreveu que "as grosserias [...] demonstram que a imprensa brasileira se tornou uma facção política e partidária".

"Mas Manuela foi corajosa e firme. Saiu do programa engrandecida, como política e como mulher", disse.

O apresentador da atração da TV Cultura, Ricardo Lessa, rechaçou qualquer acusação de preconceito. Entrevistadores também negaram qualquer atitude machista.

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