Para Temer, investigação contra ele virou 'escândalo digno do Projac'

Em nota oficial, presidente diz que apuração 'entrou no terreno da ficção policial'

Gustavo Uribe
Brasília

O presidente Michel Temer reagiu nesta quarta-feira (6) e criticou o andamento das investigações que apuram se ele foi beneficiado na edição de um decreto para o setor portuário.

Em nota oficial, ele afirma que a apuração "entrou no terreno da ficção policial" e que se trata de "um escândalo digno do Projac", em uma referência ao complexo de estúdios de telenovelas da Rede Globo.

"Nada mais precisa ser dito sobre esse escândalo digno do Projac, a maior fábrica de ficções do país", disse.

Segundo o documento, o decreto dos portos não favoreceu a empresa Rodrimar, investigada pela Polícia Federal se teria pagado propina para a edição da medida.

O presidente Michel Temer durante cerimônia de assinatura do Renovabio, de incentivo aos biocombustíveis, no Palácio do Planalto
O presidente Michel Temer durante cerimônia de assinatura do Renovabio, de incentivo aos biocombustíveis, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 05.jun.2018/Folhapress

"Sem fatos novos ou provas, delegado tenta reabrir investigação já arquivada duas vezes pela Justiça por falta de provas", criticou.

A manifestação do presidente é a primeira desde que passaram a ser divulgados detalhes da investigação da Polícia Federal que apura se ele foi beneficiado.

Como a Folha mostrou na terça-feira (5), foram encontrados planilhas e extratos bancários que apontam cerca de R$ 20,6 milhões em contas de empresas do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Temer.

A Polícia Federal investiga se o militar atuou como um intermediador de propina do presidente. O coronel já foi alvo duas vezes de operações. A última foi em março deste ano, quando ele chegou a ficar preso por alguns dias.

A primeira, em maio do ano passado, decorreu de delação da JBS, quando a polícia também encontrou documentos ligados a uma reforma na casa de Maristela, uma das filhas de Temer.

A principal linha de apuração é de que o presidente lavou dinheiro de propina em transações imobiliárias e em obras em casas de familiares. Temer nega as suspeitas.
 

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